sábado, 1 de outubro de 2011

... abandono ...




Ausente o encanto antes cultivado
Percebo o mecanismo indiferente
Que teima em resgatar sem confiança
A essência do delito então sagrado
Meu coração não quer deixar
Meu corpo descansar
E teu desejo inverso é velho amigo
Já que o tenho sempre a meu lado
Hoje então aceitas pelo nome
O que perfeito entregas mas é tarde
Só daria certo aos dois que tentam
Se ainda embriagado pela fome
Exatos teu perdão e tua idade
O indulto a ti tomasse como bênção
Não esconda tristeza de mim
Todos se afastam quando o mundo está errado
Quando o que temos é um catálogo de erros
Quando precisamos de carinho
Força e cuidado
Este é o livro das flores
Este é o livro do destino
Este é o livro de nossos dias
Este é o dia de nossos amores

(O livro dos dias - Legião Urbana)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Amoras


Estava um domingo repleto de sol... e, consequentemente o calor acompanhava aquela claridade toda; estava na casa de uma família amiga... almoço de domingo, crianças correndo, conversa alta, dia transcorrendo de forma tranquila, amena.

E lá estava ela: a amoreira. Meus olhos foram atraídas instantaneamente para aquele fenômeno: amoreira repleta de frutos que pendiam de seus galhos às dezenas, em várias tonalidades de cores: verdes, vermelhos, mesclados (entre verde, vermelho e negro) e as que seriam, com certeza, minhas vítimas, as que se apresentavam gordas, macias, negras, suculentas.

Não era uma árvore imensa, imponente, pelo contrário, pequena, frágil, galhos finos... mas repletos de frutos. Não hesitei um segundo: os galhos mais baixos foram os primeiros, os olhos varrendo a região à procura de mais e mais, o doce sabor invadindo meu paladar... e trazendo à tona lembranças que sequer sabia ainda eram vivas dentro de mim.

Recordei-me de uma infância há muito esquecida em meu afã de ser gente grande: éramos um grupo de dez, talvez quinze primos, nunca soube. E, em nossos encontros sempre uma árvore por perto, uma mangueira, uma laranjeira, e outras inúmeras árvores frutíferas na casa de meu avô que sempre convidavam à escaladas. E entre elas, uma amoreira. Grande. Frutos doces. Raros (quem chegasse primeiro sempre os conseguia, deixando apenas os azedos para trás). "Você gosta de amora? Vou falar pro seu pai que você namora..." Sempre havia alguém que caía na pegadinha, intencionalmente ou não. 

E ali estava eu, criança eterna. Amoreira solidária. Infância que nunca acaba.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Descartável, mas contagiante

Sabe aquelas músicas que grudam e que você fica, dia e noite com elas na cabeça, tentando cantarolar uma estrofe que não sabe ou em uma língua que não entende? Não quero aqui tentar entender o porquê disso, mas apresentar algo do gênero.

Wanessa. É, a Camargo. Agora só Wanessa. A mesma de quem nunca fui fã. Mas agora me calo. Simplesmente a deixo passar com sua obra diante de mim. E dos meus. Depois de investidas em sertanejo, música romântica, em um pop nacional, eis que chega Wanessa com uma música pop à la Lady Gaga e companhia. É, a menina mostra a que veio. Não me entendam mal. Não falo em qualidade de letra, em refinamento musical, em composições estupendas... falo de música comercial, descartável sim (dentro de algum tempo ninguém as ouvirá em rádio e afins), mas que cumpre seu papel. É contagiante. É envolvente. É uma festa pronta. Do início ao fim.

O álbum é todo em inglês e não fica devendo nada às grandes divas do pop atual.

Abaixo, vídeo para provar que não mentimos quando afirmamos isso. Para ouvir e dançar.


segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Indicado da semana: Filme Onde está a felicidade?

O cinema nacional tem percorrido um notório caminho de ascenção, diríamos, desde Central do Brasil. Relegado a segundo plano por muitos anos tem-se mostrado a que veio nos últimos anos. Só para citar alguns nomes: Olga, Central do Brasil, O auto da Compadecida, Os normais, Como esquecer, Tropa de Elite, As melhores coisas do mundo, De pernas pro ar, O cheiro do ralo,... títulos que exemplificam em pequena medida, a grandiosidade do que hoje temos como cinema nacional, do drama à comédia, do campeão de bilheteria ao que atingiu pequeno público (mas nem por isso de menor qualidade).

E é neste cenário que a co-produção entre Brasil e Espanha chega ao grande público. Onde está a felicidade? parte do filão " busca por felicidade" e do desejo de encontrá-la em algum lugar específico, em território marcado. E surpreende. Pelo roteiro simples, desprovido de grandes diálogos, mas direto. Pela interpretação. Pela fotografia. Pela leveza. Pela abordagem simples e, ao mesmo tempo, complexa da psicologia brasileira e espanhola. O texto consegue extrair a essência de uma e outra nacionalidade, em linhas gerais, sem cair no estereótipo ou clichê.

O filme aborda fé em uma sociedade pós moderna, com todas as características que lhe é própria. Fala de amor onde o consumo dita as regras. Aponta para honestidade como caminho que de fato vale a pena. faz rir sem apelação. Faz bem para a alma.

Salas quase vazias, é bem verdade. Poucas salas de exibição. Poucos cinemas a exibirem o filme. É o público brasileiro aprendendo aos poucos a ter gosto pelo que é nosso. É a arte nacional buscando espaço em um mar capitalista movido pelo que poderíamos aqui chamar de ardinheiro: a arte que, se não produz dinheiro, deixa de ser.

Se vale a pena conferir? Programa imperdível aos amantes do bom cinema nacional.



terça-feira, 16 de agosto de 2011

Café & Arte agora tem sua página de vendas

Agora Café & Arte tem sua página de vendas. São livros das mais variadas áreas: literatura, didáticos, religiosos... novos e usados; entre e confira nossos preços e catálogo. Para compras acima de R$ 100,00, o frete grátis para todo o Brasil. Basta acessar a página http://cafeiarte.mercadoshops.com.br/

Não deixe de conferir.



Recomendado: O retrato de Dorian Gray - o filme

Com dois anos de atraso, finalmente estréia no Brasil O retrato de Dorian Gray, adaptação da famosa obra de Oscar Wilde (seu único romance, é verdade).

Entre elogios  e críticas, o filme segue tímido em poucas salas de cinema. Em alguns lugares, o rótulo de cult, coloca-o ainda mais longe do grande público que, convenhamos, está louco para ver o final da saga crepúsculo!

Embora o filme se perca em alguns momentos, em outros se sobressai por si mesmo. Oscar Wilde preenche com uma dramaticidade única suas personagens e seu texto ímpar (ali está a marca do que foi sua vida, suas histórias. Recomendo a leitura de The Profundis, carta autobiográfica, para um contato maior com o que foi sua existência). A adaptação cinematográfica tenta captar em algumas cenas esta intensidade em cores e movimentos.

Na obra de Wilde temos visível, quase gritante, uma denúncia aos costumes sociais, morais de uma época em decadência (ou, melhor, da existência humana sempre decadente). Não há o bem ou o mal. Há o corrompido e o que ainda está por corromper. Personagens dúbias, filosofia viva, existencialismo cru. São alguns dos ingredientes que se somam à construção do filme.

Moralidade, religiosidade... instinto... prazer versus felicidade. Talvez a grande angústia de Dorian seja exatamente esta: poder comprar tudo, inclusive o prazer, ser dono de beleza eterna... mas ser infeliz. A beleza de algumas coisas está justamente no fato de serem passageiras, diz em algum momento.

Algumas situações apenas insinuadas no livro são escancaradas no filme. As orgias, o sexo fácil, bebedeiras, homossexualismo, busca por redenção... estão ali, diante do público, instigando reflexão. Wilde continua atemporal em sua obra. Assim como Dorian, sua ela segue, atemporal, bela, sendo conhecida/corrompida pouco a pouco. 

Ainda dá tempo de buscar o cinema mais próximo.




quinta-feira, 11 de agosto de 2011

O Bicho - Manoel Bandeira


Vi ontem um bicho 
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Vento no litoral - Legião Urbana



De tarde quero descansar
Chegar até a praia e ver
Se o vento ainda esta forte
E vai ser bom subir nas pedras

Sei que faço isso pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando
Tudo embora...

Agora está tão longe
ver a linha do horizonte me distrai
Dos nossos planos é que tenho mais saudade
Quando olhávamos juntos
Na mesma direção
Aonde está você agora
Alem de aqui dentro de mim...

Agimos certo sem querer
Foi só o tempo que errou
Vai ser difícil sem você
Porque você esta comigo
O tempo todo
E quando vejo o mar
Existe algo que diz
Que a vida continua
E se entregar é uma bobagem...

Já que você não está aqui
O que posso fazer
É cuidar de mim
Quero ser feliz ao menos,
Lembra que o plano
Era ficarmos bem...

Eieieieiei!
Olha só o que eu achei
Humrun
Cavalos-marinhos...

Sei que faço isso
Pra esquecer
Eu deixo a onda me acertar
E o vento vai levando
Tudo embora...

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Quanto vale a vida?


Quanto vale a vida de qualquer um de nós?
?quanto vale a vida em qualquer situação?
?quanto valia a vida perdida sem razão?
?num beco sem saída, quando vale a vida?
são segredos que a gente não conta
são contas que a gente não faz
quem souber quanto vale, fale em alto e bom som
?quantas vidas vale o tesouro nacional?
?quantas vidas cabem na foto do jornal?
?às sete da manhã, quanto vale a vida
depois da meia-noite, antes de abrir o sinal?
são segredos que a gente não conta
(faz de conta que não quer nem saber)
quem souber, fale agora ou cale-se para sempre
?quanto vale a vida acima de qualquer suspeita?
?quanto vale a vida debaixo dos viadutos?
?quanto vale a vida perto do fim do mês?
?quanto vale a vida longe de quem nos faz viver?
são segredos que a gente não conta
são contas que a gente não faz
coisas que o dinheiro não compra
perguntas que a gente não faz:
?quanto vale a vida?
nas garras da águia
nas asas da pomba
em poucas palavras
no silêncio total
no olho do furacão
na ilha da fantasia
?quanto vale a vida?
?quanto vale a vida na última cena
quando todo mundo pode ser herói?
?quanto vale a vida quando vale a pena?
?quanto vale quando dói?
são coisas que o dinheiro não compra
perguntas que a gente não faz:
?quanto vale a vida
(Engenheiros do Hawaii)


terça-feira, 26 de julho de 2011

Liberdade


Ah, gosto de liberdade...

Tá, concordo que ele não é assim tãããão real, que existem mil e uma coisas que interceptam nossos caminhos... coisas que deveriam deixar livres e tantas vezes aprisionam: trabalho, compromissos, palavras, coisas, lugares... mas o gostinho de liberdade é uma realidade que se sente sim. Leve, rápido, sutil, doce...

Mandar tudo para o alto, deixar-se ser... permitir-se viver! Um brinde aos livres.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Saudade - Miguel Falabela



Hoje partilho com vocês um belo texto de Miguel Falabela: ele tem o dom de exteriorizar o inexprimível.


Dói bater a cabeça na quina da mesa. Dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é a saudade.

Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.

Doem estas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar no quarto e ela na sala, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o dentista e ela pra faculdade, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-la, ela sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã. Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter. 

Saudade é basicamente não saber. Não saber mais se ela continua fungando num ambiente frio. Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia. Não saber se ela ainda usa aquela saia. Não saber se ele foi à consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada, se ele tem assistido às aulas de inglês, se aprendeu a entrar na Internet, a encontrar a página do Diário Oficial, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua preferindo Malzebier, se ela continua detestando McDonalds, se ele continua amando, se ela continua a chorar até nas comédias. 

Saudade é não saber mesmo! Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos. Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento. Não saber como frear as lágrimas diante de uma música. Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

É não saber se ela está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso... É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.

Saudade é isso que eu estive sentido enquanto escrevia. E o que você provavelmente estará sentindo depois que acabar de ler.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Indicado da semana: Harry Potter e as relíquias da morte parte II

Indicar Harry Potter pode significar nadar na mesmice, não se tratasse se uma obra fenomenal (comercial ou não, o fato é que se fez um estrondoso sucesso de bilheteria, livraria, público em geral. Lembram-se das filas nas portas das livrarias nos lançamentos mundias dos livros, ano após ano?)

É notória a ascensão que a obra foi tendo ao longo de todos estes anos em que foi sendo produzida e vorazmente consumida por seu público fiel. De Harry Potter e a Pedra Filosofal para este último, As relíquias da morte parte II temos um gigantesco passo. Em todos os sentidos. Do Harry menino ao jovem maduro, do amadurecimento e das amizades e relacionamentos, da densidade da história, do encadeamento dos fatos, da produção cinematográfica...

Temos um longa sombrio, como a primeira parte (ouso afirmar, ao contrário de algumas críticas, mais sombrio que a parte anterior). Surpresas, revelações (que, afinal, todos os fãs de carteirinha já sabiam, pois quem é que se contentou em não ler os livros antes?). Uma trilha sonora impecável!

Falhas? Sim, algumas, mas que não comprometem a obra cinematográfica em sua essência. Fora a pieguice do final, o filme se faz um bloco consistente e digno de fechar a saga. Ainda dá tempo de conferir como tudo termina.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Beleza escondida

Sabe aqueles dias em que você parece meio ausente de tudo, em vista da correria do dia a dia? Pois bem... eis como estou nos últimos tempos; isso explica a ausência de posts inéditos. Não que a beleza, a poesia, os olhos atentos à vida que eclode à minha volta estejam ausentes. Pelo contrário: guardo cada pedacinho de tudo isso para o momento oportuno, para aquele momento onde poderei sentar e sorver cada gota de poesia acumulada, cada nota deste som que apreendo chamado vida.

Como aquela sensação de ter um livro em mãos e não poder lê-lo. Aprecia-se sua textuta, seu cheiro, sua cor, folheia-se as páginas aleatoriamente, lê-se uma ou outra frase aqui e ali... mas o guardamos para aqueles dias onde a leitura pode ser o centro das atividades; onde uma rede e uma boa almofada podem nos acompanhar nesta aventura.

A boa e velha sensação de se ter uma beleza escondida, guardada.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Metades


Que a força do medo que tenho/ Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito/ Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito/ Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe/ Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada/ Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida/ Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo/ Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas/ Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço/ Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora/ Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro/ Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso/ Mas a outra metade é um vulcão.


Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui/ A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria/ Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo/ Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta/ Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar/ Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia/ E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

(Oswaldo Montenegro)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Indicado da semana: Lope

Lope, coprodução de Brasil e Espanha conta a história de um dos maiores nomes do teatro espanhol. Como diretor, um brasileiro sem renome internacional, Andrucha Waddington, a princípio causa um certo desconforto entre os compatriotas do dramaturgo, por verem o mito nacional nas mãos de um estrangeiro.

No elenco, Selton Melo como um nobre português e Sônia Braga como a mãe de Lope.

O filme foca os primeiros anos do poeta e dramaturgo, sua produção e paixões; o que temos como produto final é um filme clássico, marcado pela paixão e o cuidado na produção. Lope era chamado por Cervantes de 'monstro da natureza', pela sua incrível capacidade de produção: em seu currículo se encontram três mil sonetos, três romances, nove poemas épicos e cerca de mil e oitocentas peças de teatro.

O filme chega ao Brasil um semestre depois de lançado e entra em cartaz fora dos circuitos comerciais, sendo classificado por algumas redes de cinema como Cult; é um título que não pode deixar de ser visto pelos amantes do cinema e das artes em geral.

Abaixo, trailler da obra.


Abraços especiais


Neste início de tarde de sexta feira queremos abraçar e agradecer, de forma especial, nossos fiéis visitantes, das mais diversas partes do mundo.

Agradecemos a visita dos internautas dos Estados Unidos, Portugal, França, Alemanha, Moçambique, Itália, Angola, Brasil... 

Esta é uma página que construímos dia após dia, com o melhor da arte, da poesia, sensibilidade, próprias da vida em ação. Deixe seu comentário, sugestão, crítica, pedido... e continue saboreando Café & Arte. Diariamente.

Ganhadores da Primeira Promoção do Blog

Os ganhadores da primeira promoção do Blog Café & Arte foram:

1 - Lucas Lima - São Paulo
2 - Maria Antônia Barreto - Bahia
3 - Ivan Lopes - Lisboa

Os ganhadores receberão em suas casas um exemplar do livro Fragmentos. Parabéns.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Via Láctea - Legião Urbana


Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz...

Mas não me diga isso...

Hoje a tristeza não é passageira
Hoje fiquei com febreA tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela parecerá uma lágrima...

Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a  das coisas com humor...

Mas não me diga isso...

É só hoje e isso passa
Só me deixe aqui quieto
Isso passa
Amanhã é um outro dia
Não é?...

Eu nem sei porque me sinto assim
Vem de repente um anjo tiste perto de mim...

E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado por pensar em mim...

Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho...

Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser quem eu sou...

Mas não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado por pensar em mim...



segunda-feira, 27 de junho de 2011

Manoel Bandeira - Deficiências

Poema do célebre Manoel Bandeira em forma de vídeo-fotos. Reflexão para as tardes com Café & Arte.

sábado, 25 de junho de 2011

João Cabral de Melo Neto - O amor

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina. 

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos. 

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água. 

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. 

O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala. 

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Crônica selecionada para publicação em livro

Todo escritor escreve para o mundo, para os outros. Ainda não há meio mais fácil de fazer chegar ao público o texto escrito a não ser via publicação (haverá outras formas algum dia?). E falo da publicação hoje em vários meios e formas, como os jornais, revistas, sites, blogs, livros...

Nos alegramos imensamente e partilhamos esta alegria com vocês que nos seguem e leem nossos posts cotidianamente: a crônica O Amor encontrou seu lugar, um dos primeiros posts a dar as caras aqui em Café & Arte, foi selecionada para integrar a edição 2011 do livro Crônicas do cotidiano, editado pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores, editora do Rio de Janeiro . Uma honra para mim enquanto pessoa, escritor e agora blogueiro. A versão que vai para as páginas do Crônicas do Cotidiano, edição 2011 é a mesma que você pode ler aqui no blog, com ligeiras correções e pequenos acréscimos.

Para quem ainda não leu a crônica, pode fazê-lo em primeiro lugar, acessando, aqui em nosso espaço, o link: http://jeancafeiarte.blogspot.com/2011/02/o-amor-encontrou-seu-lugar.html

Confiram outros selecionados no link: http://www.camarabrasileira.com/cronicasdocotidiano2011.htm 

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Mário de Andrade


                                       ***


" Olhar preso no meu, perdidamente.
Não exijas mais nada. 
Não desejo também mais nada, só te olhar, 
enquanto a realidade é simples, e isto apenas".

(Mário de Andrade)


***

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Quer Ganhar Um Livro Do Blog Café & Arte?

Essa é a nossa primeira promoção!

QUER GANHAR UM LIVRO DO BLOG CAFÉ & ARTE?

É fácil de participar: envie email para jean.csdb@hotmail.com com o título PROMOÇÃO dizendo, em uma frase, o que você mais gosta de ver aqui em Café & Arte e porquê. As melhores frases receberão em casa um exemplar do meu livro, Fragmentos. É só enviar o email e aguardar o resultado, que será divulgado aqui no Blog. Os vencedores serão avisados previamente por email. Participe e boa sorte!

Foto: cartaz de divulgação (2009/2010)

Como aprender poesia?

Outro dia me pediram para ensinar poesia.

Fiquei mudo.

Olhei boquiaberto para o autor da pergunta e, incapaz de formular uma resposta questionei a mim mesmo: onde ele esteve durante todos os amanheceres? Onde se encontrava durante todos os pores do sol (sem me importar se usava hífen ou não, com nova ou antiga ortografia...); será que ele nunca havia presenciado, meu Deus, o voo das borboletas ou o canto dos pássaros? Nunca havia notado as gotas de orvalho em manhãs de primavera? Ou a chuva em meios de tarde de outono? Onde vivia não haveriam estrelas cadentes, luares atordoantes, ondas revoltas, brisa suave, colorido das flores, sorrisos de crianças, sabedoria dos idosos, inconveniência dos amantes... não havia em seus livros de estudo a presença de Manoel de Barros, Drummond, Adélia Prado, Rubem Alves, Vinícius, Cora Coralina e Cenira, minha mãe? Não existiam em seu mundo os abraços acolhedores, os beijos intensos e os adeuses desejosos de reencontro?

Incapaz de dar uma resposta, deixei-me ficar ali. por longo tempo. Quando consegui balbuciar: "poesia não se ensina... se vive..."... ele já havia partido inconformado!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Federico Garcia Lorca


Amor de minhas entranhas, morte viva, 
em vão espero tua palavra escrita 
e penso, com a flor que se murcha, 
que se vivo sem mim quero perder-te.


O ar é imortal. A pedra inerte 
nem conhece a sombra nem a evita. 
Coração interior não necessita 
o mel gelado que a lua verte.


Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias, 
tigre e pomba, sobre tua cintura 
em duelo de kordiscos e açucenas.


Enche, pois, de palavras minha loucura 
ou deixa-me viver em minha serena 
noite da alma para sempre escura.

Ilumine Vidas


A promoção da vida sempre foi uma atitude profundamente humana e é o que nos identifica como tais, além de ser essencialmente uma atitude cristã.


Queremos neste post levá-lo a conhecer um trabalho magnífico desenvolvido pelo Centro Social Dom Bosco, em Campo Grande - MS,  através da Creche Nossa Senhora Auxiliadora. Todos os dias são atendidas em período integral, 145 crianças de 0 a 5 anos de idade, que recebem três refeições diárias além de atendimento educacional especializado, atendimento odontológico e carinho, muito carinho. Tudo isso de forma gratuita. As crianças atendidas são todas de famílias carentes, cujas mães necessitam trabalhar e não tem com quem deixar as crianças; o que o Centro Social deseja é oferecer sempre uma educação de qualidade,  o melhor.


Como isso se dá? Através da ajuda e colaboração de voluntários que doam um pouco do que podem para que a vida de muitas crianças sejam iluminadas. Para saber como ajudar, acesse o site do Centro Social Dom Bosco: www.csdb.org.br

Seja você também um promotor da vida e a luz na existência de uma criança.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Poesia e Vida


"Há pessoas que nos roubam...
                                        Há pessoas que nos devolvem...!"
(Padre Fábio de Melo)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Eduardo e Mônica, o filme

Confesso que me emocionei ao ver a música que embalou minha história em cores e imagens... o que seria impensável alguns anos atrás hoje se concretiza: a poesia de Renato extrapola as notas da canção e ganha ares de cinema.

E vale sempre se perguntar: "e quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?"

Como posso caber dentro de um disco?

Renato Russo insiste em cantar minhas dores e minha vã tentativa de compreender o mundo e suas complicações. Antecipa minhas reflexões e aponta alternativas. Sofre minhas dores de forma atemporal e as transforma em música e poesia. Por vezes me sinto assim, inteirinho, faixa a faixa, minuto a minuto como uma personagem de A Tempestade. Deprê? Não, triste, calado, sem voz... tentando me encontrar onde não sei que me perdi. Tentando assimilar, amar, ser gente sem deixar de ser humano. Tentando encontrar a beleza de cada dia onde meus olhos se fazem cansados e meus passos insistem em não ir.

"Ausente o encanto antes cultivado
Percebo o mecanismo indiferente
Que teima em resgatar sem confiança
A essência do delito então sagrado
Meu coração não quer deixar meu corpo descansar
E teu desejo inverso é velho amigo
Já que o tenho sempre a meu lado
Hoje então aceitas pelo nome
O que perfeito entregas mas é tarde
Só daria certo aos dois que tentam
Se ainda embriagado pela fome
Exatos teu perdão e tua idade
O indulto a ti tomasse como bênção
Não esconda tristeza de mim
Todos se afastam quando o mundo está errado
Quando o que temos é um catálogo de erros
Quando precisamos de carinho, força e cuidado
Este é o livro das flores
Este é o livro do destino
Este é o livro de nossos dias
Este é o dia de nossos amores"

(O Livro dos Dias - Renato Russo - A Tempestade)

terça-feira, 7 de junho de 2011

Amor gratuito

Oliver. Alegre como uma manhã de domingo em dias de férias. Espontâneo, carinhoso... sabe aquele amor gratuito, aquele amor que te recebe às dez e meia da noite com os olhinhos brilhantes, não te pergunta por onde andou ou o que fez, apenas ama. Assim é Oliver.

Se chego tarde, acorda, me acompanha, me ama e pede para ser amado. Depois, quando chega a exaustão, adormece junto a mim. Aquele medo de me mover e acordá-lo, jantar por fazer, compras a serem feitas, banho a ser tomado... e Oliver ali, me prendendo sem pedir.

Não, Oliver não veio só. Trouxe Cloe junto. Em breve figurará entre os famosos de Café & Arte, compondo ela também sua poesia sem palavras, sua música sem notas, sua literatura muda.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Maria Gadu em Campo Grande MS

Sensacional. Uma palavra que definiria  a apresentação de Gadu em Campo Grande, Ms, no último dia 05/06 talvez possa ser esta: sensacional, sem nenhum medo de soar exagerado. 

Gadu chegou com sua simplicidade, timidez e esbanjou poesia em forma de canção. Ou canções em forma de poesia, tanto faz. Encantou uma platéia imensa... ainda não vi os dados oficiais, mas creio que deveriam estar por ali umas 70 mil pessoas. 70 mil campograndenses em um único espaço é coisa rara de se ver. Prova de Gadu, de fato é sensacional!

Cantou suas canções, deu seu recado, agradou a todos e não se foi. Ficou na mente e no coração de cada um. Prova de que a música brasileira ainda tem salvação fora do circuito funk - sertanejo (nada contra, mas...). 


sexta-feira, 3 de junho de 2011

Pitty: Trupe delirante no Circo Voador

Trupe Delirante no Circo Voador é o quinto disco da cantora Pitty, sendo este o segundo ao vivo. O trabalho foi lançado em CD, DVD e LP e traz os maiores sucessos de sua carreira, com ênfase nas músicas do penúltimo trabalho.

Com uma originalidade à flor da pele, seu trabalho é marcado por uma vertente do rock um tanto ausente no cenário musical brasileiro atual. Suas canções trazem sempre, como características, uma poesia diferenciada, inteligente, crua e direta. Desta forma, destaca-se sem sombra de dúvida dentre as demais bandas da última década em qualidade, originalidade, conteúdo, postura e atitude.

Para um público mais exigente que não deixa de curtir o bom e velho rock in roll, mas que não abre mão de conteúdo.

Abaixo, vídeo da canção Comum de Dois, presente neste novo trabalho.

Doses de Sabedoria VII: Fernando Pessoa


Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

***

Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Harry Potter e as relíquias da morte, parte II

E chega ao fim a saga Harry Potter, amada por uns, odiada por outros. Confesso que a princípio não me identifiquei com a série, mas depois de algum tempo fui descobrindo seus valores e me envolvendo com a história.


Alguns anos depois de iniciada, chega às telas dos cinemas neste dia 15 de julho o último filme da série. Milhões de fãs ao redor do mundo aguardam ansiosos a adaptação cinematográfica da obra. A história será uma sequência da última, interrompida propositalmente. 


Na segunda parte do final épico da série, a batalha entre o bem e o mal no mundo da magia se torna uma guerra entre centenas de bruxos. Os riscos nunca estiveram tão altos e nenhum lugar é seguro o suficiente. Assim, Harry Potter precisa se apresentar para fazer o seu último sacrifício, enquanto o confronto final com Lorde Voldemort se aproxima. 


Confira o trailler do novo filme, enquanto este ainda não chega.




Rubem Alves e Manoel de Barros

Há uns dez dias quero escrever este post, mas venho prorrogando por motivos que desconheço... na verdade eu bem sei quais são, apenas não queria admitir.

Fui a uma palestra de Rubem Alves há alguns dias. Espaço lotado é uma definição que não se aplica ao que encontrei por lá. Me veio à mente estes ônibus que partem do centro da cidade às seis horas da tarde em dias de semana: sem mais espaço para uma folha de papel. Assim estava o local.

Estava com dois amigos. Fomos nos acotovelando, dando um jeitinho aqui e outro ali, na tentativa de pelo menos ver o palestrante. E eis que descobrimos um pequeno espaço, no corredor, láááá na frente. Avançamos afoitos. E nos acomodamos. Em poltronas? Não, não, no corredor central. Quando paramos para respirar, percebemos que havíamos nos sentado ao lado de Rubem Alves! Prendemos a respiração e aguardamos a palestra.

E ele iniciou falando que naquela tarde havia visitado Manoel de Barros. Pronto. O que faltava. Dois poetas insuperáveis se encontrando, se admirando, se poetizando. Imaginei o diálogo entre os dois, falando sobre tudo e não dizendo nada; tentei imaginar a profundidade das frases trocadas, dos livros comentados, da vida partilhada...

Rubem falou por mais de uma hora, tempo que passou em questão de minutos. E, para honrá-los, despeço-me com a poesia de ambos:



"Todo jardim começa com uma história de amor, antes que qualquer árvore seja plantadaou um lago construído é preciso que eles tenham nascido dentro da alma.

Quem não planta jardim por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles". 

(Rubem Alves)

***

"...que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. 
Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós".
 (Manoel de Barros)

Maria Gadu e Caetano Veloso juntos

Duas vozes incríveis unidas pela poesia e simplicidade de leãozinho. Caetano e Gadu. Imperdível! Para os amantes de Maria Gadu e que morem na região de Campo Grande, MS: show da cantora neste 05/06 no Parque das Nações Indígenas. A gente se vê por lá!

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Contrários

Gostaria de entender os contrários de que somos tecidos... a natureza humana vai fazendo o seu trabalho, construindo uma perfeição inacabada, amarrando e desamarrando os contrários e, por vezes, apresentando os avessos.

Se não entendo, gostaria apenas de aceitar todos os contrários que nos cerceiam. São tantos e de tantas formas que me questiono de que material somos tecidos: somos o avesso ou o direito das coisas? Se somos o avesso, o direito faz-se então avesso e a grande antítese continua sua trajetória de fazer contrários os versos que rimo cotidianamente: saudades, ausências, solidões, presenças, mãos, abraços, beijos, cheiros, carências, afetos e desafetos.

Sou humano e não me ensinaram a viver. Vivo a vagar às margens de grandes caminhos que, por vezes me pego pensando ser apenas pequenas trilhas... outras, me perco em imensidões. Vivo entre o medo do desconhecido e a aventura do salto iminente. Busco a doçura em meio aos amargos, saboreio cada dose do que me oferecem, por vezes bálsamo, por vezes veneno, por vezes nada.

E entre um instante e outro, sempre há a expressividade de um afeto. Ou do que poderia vir a ser.