Renato Russo insiste em cantar minhas dores e minha vã tentativa de compreender o mundo e suas complicações. Antecipa minhas reflexões e aponta alternativas. Sofre minhas dores de forma atemporal e as transforma em música e poesia. Por vezes me sinto assim, inteirinho, faixa a faixa, minuto a minuto como uma personagem de A Tempestade. Deprê? Não, triste, calado, sem voz... tentando me encontrar onde não sei que me perdi. Tentando assimilar, amar, ser gente sem deixar de ser humano. Tentando encontrar a beleza de cada dia onde meus olhos se fazem cansados e meus passos insistem em não ir.
"Ausente o encanto antes cultivado
Percebo o mecanismo indiferente
Que teima em resgatar sem confiança
A essência do delito então sagrado
Meu coração não quer deixar meu corpo descansar
E teu desejo inverso é velho amigo
Já que o tenho sempre a meu lado
Hoje então aceitas pelo nome
O que perfeito entregas mas é tarde
Só daria certo aos dois que tentam
Se ainda embriagado pela fome
Exatos teu perdão e tua idade
O indulto a ti tomasse como bênção
Não esconda tristeza de mim
Todos se afastam quando o mundo está errado
Quando o que temos é um catálogo de erros
Quando precisamos de carinho, força e cuidado
Este é o livro das flores
Este é o livro do destino
Este é o livro de nossos dias
Este é o dia de nossos amores"
(O Livro dos Dias - Renato Russo - A Tempestade)
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