terça-feira, 31 de maio de 2011

Harry Potter e as relíquias da morte, parte II

E chega ao fim a saga Harry Potter, amada por uns, odiada por outros. Confesso que a princípio não me identifiquei com a série, mas depois de algum tempo fui descobrindo seus valores e me envolvendo com a história.


Alguns anos depois de iniciada, chega às telas dos cinemas neste dia 15 de julho o último filme da série. Milhões de fãs ao redor do mundo aguardam ansiosos a adaptação cinematográfica da obra. A história será uma sequência da última, interrompida propositalmente. 


Na segunda parte do final épico da série, a batalha entre o bem e o mal no mundo da magia se torna uma guerra entre centenas de bruxos. Os riscos nunca estiveram tão altos e nenhum lugar é seguro o suficiente. Assim, Harry Potter precisa se apresentar para fazer o seu último sacrifício, enquanto o confronto final com Lorde Voldemort se aproxima. 


Confira o trailler do novo filme, enquanto este ainda não chega.




Rubem Alves e Manoel de Barros

Há uns dez dias quero escrever este post, mas venho prorrogando por motivos que desconheço... na verdade eu bem sei quais são, apenas não queria admitir.

Fui a uma palestra de Rubem Alves há alguns dias. Espaço lotado é uma definição que não se aplica ao que encontrei por lá. Me veio à mente estes ônibus que partem do centro da cidade às seis horas da tarde em dias de semana: sem mais espaço para uma folha de papel. Assim estava o local.

Estava com dois amigos. Fomos nos acotovelando, dando um jeitinho aqui e outro ali, na tentativa de pelo menos ver o palestrante. E eis que descobrimos um pequeno espaço, no corredor, láááá na frente. Avançamos afoitos. E nos acomodamos. Em poltronas? Não, não, no corredor central. Quando paramos para respirar, percebemos que havíamos nos sentado ao lado de Rubem Alves! Prendemos a respiração e aguardamos a palestra.

E ele iniciou falando que naquela tarde havia visitado Manoel de Barros. Pronto. O que faltava. Dois poetas insuperáveis se encontrando, se admirando, se poetizando. Imaginei o diálogo entre os dois, falando sobre tudo e não dizendo nada; tentei imaginar a profundidade das frases trocadas, dos livros comentados, da vida partilhada...

Rubem falou por mais de uma hora, tempo que passou em questão de minutos. E, para honrá-los, despeço-me com a poesia de ambos:



"Todo jardim começa com uma história de amor, antes que qualquer árvore seja plantadaou um lago construído é preciso que eles tenham nascido dentro da alma.

Quem não planta jardim por dentro, não planta jardins por fora e nem passeia por eles". 

(Rubem Alves)

***

"...que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. 
Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós".
 (Manoel de Barros)

Maria Gadu e Caetano Veloso juntos

Duas vozes incríveis unidas pela poesia e simplicidade de leãozinho. Caetano e Gadu. Imperdível! Para os amantes de Maria Gadu e que morem na região de Campo Grande, MS: show da cantora neste 05/06 no Parque das Nações Indígenas. A gente se vê por lá!

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Contrários

Gostaria de entender os contrários de que somos tecidos... a natureza humana vai fazendo o seu trabalho, construindo uma perfeição inacabada, amarrando e desamarrando os contrários e, por vezes, apresentando os avessos.

Se não entendo, gostaria apenas de aceitar todos os contrários que nos cerceiam. São tantos e de tantas formas que me questiono de que material somos tecidos: somos o avesso ou o direito das coisas? Se somos o avesso, o direito faz-se então avesso e a grande antítese continua sua trajetória de fazer contrários os versos que rimo cotidianamente: saudades, ausências, solidões, presenças, mãos, abraços, beijos, cheiros, carências, afetos e desafetos.

Sou humano e não me ensinaram a viver. Vivo a vagar às margens de grandes caminhos que, por vezes me pego pensando ser apenas pequenas trilhas... outras, me perco em imensidões. Vivo entre o medo do desconhecido e a aventura do salto iminente. Busco a doçura em meio aos amargos, saboreio cada dose do que me oferecem, por vezes bálsamo, por vezes veneno, por vezes nada.

E entre um instante e outro, sempre há a expressividade de um afeto. Ou do que poderia vir a ser.

sábado, 28 de maio de 2011

Inadequação

Aquela vontade de ficar quietinho, parado, quase imóvel... ver o mundo passar e não me tocar... vontade de tirar férias de tudo e visitar um outro eu... vontade da mesma boca, mesmos olhos, alma nua, lágrima que exorcize...

Inadequação, intensidade avassaladora... variáveis e constantes, figuras e semblantes... vontade louca de que de repente acorde no meio da noite e perceba que tudo não passou de pesadelo surreal. Mas os olhos estão bem abertos, ardentes, vermelhos, estagnados no que não vi, ofuscados pelo que não veio, mas insiste em ficar.

Mundo vasto demais, de repente encolhido em uma frase,... coube inteirinho no hiato entre o dito, o não dito e o mal dito. 

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Mãos dadas

- Moço, posso te pedir uma coisa?
O rapaz olhou nos olhos do menino e viu algo que o desconcertou, embora não soubesse nominar o que era. Um misto de angústia, esperança e medo. Teve um ímpeto inicial de ignorá-lo, mas os olhos imensos do outro o impediam de fazê-lo. Acabou concordando:
- Sim, pode, claro.
- O senhor segura minha mão enquanto minha mãe não chega?
Súplica. Eram olhos de súplica, definiu, enfim. Quis dizer algo, mas ficou plantado ao chão, desconcertado. Duas fragilidades se encontrando. Quando sua mão se uniu à do pequeno, sentiu-se seguro, enfim. Amparado pela inocência.

Jean Lucy

Beleza roubada

Lia outro dia um texto de Rubem Alves sobre o belo. Incrível este poeta mineiro (poeta por nascimento). E ele dizia sobre a indefinição do belo. Acrescento, ao lado da indefinição a inapropriação do mesmo. Isso para justificar este post.

Esta semana uma amiga se iniciou na arte de blogar. E que entrada triunfal! Logo de cara cita alguém que adoro e que até então se fez ausência de Café & Arte: Zeca Baleiro. Não que esta ausência tenha sido proposital... talvez ainda não tivesse surgido a oportunidade. O Palavras ao vento (o blog da minha amiga, citado em nossa listinha de blogs recomendados, vai lá, visite...) que me perdoe, mas roubo de lá a indicação de Zeca Baleiro e o trago aqui com esta bela canção: Flor da pele, interpretando ao lado de Fagner.

Verdadeira viagem. Pérola rara! Este post vai para todos os que vivem sempre à flor da pele. Em intensidade!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Agradecimento

Café & Arte surgiu sem nenhuma pretensão e, aos poucos a quantidade de visitas que recebemos foi aumentando gradativamente. Pessoas que nos acompanham do outro lado do planeta, fielmente: dos Estados Unidos, França, Portugal, Alemanha, Indonésia, entre outros países e, é claro, Brasil.

Hoje queremos deixar registrado, à você que sempre dá uma paradinha por aqui para a sua dose diária de Café & Arte, o nosso muito obrigado e dizer que aqui sempre haverá uma boa xícara à sua espera. Deixe seu comentário, siga-nos, receba por e-mail nossos posts... deixe suas sugestões, críticas e opiniões. Afinal, um bom café combina com uma boa conversa.

Abraço grande.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Doses de Sabedoria VI


"Amar é deixar aqueles que amamos serem eles mesmos e não tentar moldá-los segundo nossa própria imagem. Caso contrário, amaríamos apenas o reflexo de nós mesmos".
(Thomas Merton)

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Piratas do Caribe 4: navegando em águas misteriosas

Não esperem novidades em Piratas do Caribe 4, afinal esta é mais uma sequência da tão conhecida saga e cai na mesmice até então apresentada; mas espere sim, muita diversão, aventura e riso solto.

Jack Sparrow está às voltas em mais uma aventura, desta vez em busca da fonte da juventude. Quando se vê em um navio ao lado da mulher com quem teve um lance há algum tempo, não sabe o que temer em primeiro lugar: o pirata Barba Negra ou a mulher que amou no passado, agora com ares de trapaceira.

Só nos Estados Unidos o filme faturou mais de 90 milhões de dólares em sua estréia; no Brasil os números não serão muito diferentes: salas lotadas e filas imensas para a compra de ingressos foram as cenas mais comuns no último final de semana.

Apesar de não fugir da mesmice, vale a pena assistir? Sim, com certeza. O filme ganha em sua comédia solta e leve e na bela performance de Jonny Deep. O pirata encarnado pelo ator conquista pela, seja pelo inusitado ou pela aparente falta de caráter. Para assistir com toda a família. Ah, e não se esqueça da pipoca.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Guimarães Rosa - Sabedoria


"Infelicidade é uma questão de prefixo".

***

"Se todo animal inspira ternura, o que houve, então, com os homens?"

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Humildade - Cora Coralina


"Senhor, fazei com que eu aceite 
minha pobreza tal como sempre foi. 

Que não sinta o que não tenho. 
Não lamente o que podia ter 
e se perdeu por caminhos errados 
e nunca mais voltou. 

Dai, Senhor, que minha humildade 
seja como a chuva desejada 
caindo mansa, 
longa noite escura 
numa terra sedenta 
e num telhado velho. 

Que eu possa agradecer a Vós, 
minha cama estreita, 
minhas coisinhas pobres, 
minha casa de chão, 
pedras e tábuas remontadas. 
E ter sempre um feixe de lenha 
debaixo do meu fogão de taipa, 
e acender, eu mesma, 
o fogo alegre da minha casa 
na manhã de um novo dia que começa.”

Indicado da Semana: CD Micróbio do samba - Adriana Calcanhoto

Adriana Calcanhoto já é nome consagrado da MPB. Já enveredou pelo universo infantil em Partimpim I e II. 

Suas canções, marcadas pelo tom intimista invadem os espaços e gritam mais alto que os altos falantes (em referência a uma matéria que li na revista Piauí) aquilo que mostra o que ela traduz de si mesma.

Seu Micróbio do Samba é, na opinião deste simples blogueiro, seu trabalho mais temático e, ao mesmo tempo, marcado pela originalidade que a interpretação confere a todas as faixas. Impossível não se deliciar com seu micróbio que, lentamente invade, contamina, domina.

Uma leveza que carrega multidões. Não espere o velho samba conhecido do grande público. Abra-se à uma linguagem nova (literária, musical, performática...). Adriana é toda ela mesma neste seu micróbio.

Abaixo, matéria de jornalista português sobre o novo trabalho da cantora. Nossa singela homenagem aos nossos leitores além mar. Além disso, confira ainda o primeiro ensaio de Eu vivo a sorrir, faixa deste disco.


sábado, 14 de maio de 2011

Sonhos e incertezas

"Comovo-me ao ver as casas antigas, espremidas entre os edifícios. São como bois nos matadouros. Estão à espera do sacrifício.  Comovo-me pensando que houve um tempo em que aquela casa era o sonho, quem sabe de um casal. Conversavam, marido e mulher, fazendo planos. Seriam muito felizes. Plantariam flores no jardim. Hoje, as casas estão abandonadas, vazias. No caminho para Pocinhos passo sempre numa entrada onde está escrito "Sítio do Vovô". O vovô sonhou com os netos brincando no seu sítio. Tudo seria alegria. Veio depois a descoberta de que os netos tinham outras idéias. E essas outras idéias não previam passar os fins de semana no "sítio do vovô".

(Rubem Alves)

terça-feira, 10 de maio de 2011

Metade de mim

Belíssima mensagem na voz de Oswaldo Montenegro. Para se ouvir com calma e digerir aos poucos.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Mingau de aveia

Sabe aqueles momentos simples que às vezes sequer notamos, tão simples são? Ou que não valorizamos e apenas os executamos de forma automática? Pois bem, são esses os momentos que fazem a graaannnde diferença na vida. São momentos que nos dizem, poeticamente, que ser simples vale a pena.


Isso descobriu nossa amiga, Keli Roberta, assídua leitora de Café & Arte que, por email nos enviou as seguintes recomendações para um desses momentos:


Mingau de Aveia
Use essas medidas:
2 xícaras de leite
4 colheres (sopa) de aveia em flocos
2 colheres (sopa) de açúcar
Leve tudo ao fogo até amolecer um pouco a aveia, depois que ferver espere 01 minuto e siga os outros passos:

  1. Desligue o celular;
  2. Vista uma roupa confortável e prepare o puff ou qq coisa que lhe apóie os pés;
  3. Coloque o mingau em um prato fundo (se sentir necessidade do cheiro maravilhoso da canela, coloque ;)
  4. Sente-se confortavelmente no sofá;
  5. Saboreie va-ga-ro-sa-men-te;
  6. E tenha uma boa noite/ bom dia!

terça-feira, 3 de maio de 2011

Doses de Sabedoria V


"Nunca tive medo de me mostrar. Você pode ficar escondido em casa, protegido pelas paredes. Mas você tá vivo, e essa vida é pra se mostrar. Esse é o meu espetáculo. Só quem se mostra se encontra. Por mais que se perca no caminho."

***

"O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraiso que nos persegue, bonita e breve, como borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não doi".
(Cazuza)

Laranjas e infâncias

O ônibus estava quase vazio. Domingo a tarde. Dia chuvoso, nublado, frio; perfeito para ficar em casa e assistir filme em frente à TV tomando chocolate quente. Mas optei por sair. Cinema. No corre-corre o programa parecia perfeito para a metade do domingo, dia de folga.

Entre uma conversa e outra ali no ônibus, algo me chamou a atenção como um ímã. O ônibus havia parado em um sinal fechado e, no quintal ao lado eu podia divisar uma laranjeira ainda jovem, galhos lançados ao céu como que saudando a pequena névoa que caía sobre si. E, em uma das extremidades de seus galhos pendia uma laranja solitária. Grande, imponente, saudável. Ela parecia reinar naquele mundo todo seu.

Um olhar mais atento me fez perceber uma segunda laranja, do outro lado da árvore. Um pouco menor, mais velha (aparentava os primeiros sinais de amadurecimento); não apresentava a jovialidade da primeira, mas trazia marcas que a outra não tinha. Uma de cada lado. Separadas por uma dezena de galhos e pouco mais de um metro entre si.

Como em um click me vi menino, muitos anos atrás (convenhamos, nem tantos assim), no quintal de minha primeira infância. Eu devia ter pouco mais de quatro anos. E, no quintal de nossa casa, duas laranjeiras imensas. Certo dia, algumas laranjas surgiram, maduras!  Meu irmão e eu, ansiosos, acompanhávamos nossa mãe na sublime tarefa de colher aquelas frutas maravilhosas. Redondas. Amareladas. Suculentas. A colheita nos unia de tal forma que éramos um. Uma mesma ânsia, um mesmo desejo, uma mesma reverência diante de algo tão sagrado como o que acontecia ali.

Entendi isso muito mais tarde. Aquela sacralidade, aquela ligação transcendente... aquela espera banhada em expectativas! Poesia e religião em íntima conexão transformando em magia um instante que não parou no tempo, mas que se perpetuou vida afora.

Os poucos segundos, parado ali, no sinal fechado, trouxe até mim uma infância longínqua. Mágica. Eterna.

Jean Lucy Toledo Vieira
jean.csdb@hotmail.com

domingo, 1 de maio de 2011

Preço justo já

A arte e a cultura no Brasil não estão imunes aos altos impostos. Na realidade, sofrem diretamente esta ação e o resultado é o não acesso da maioria da população às artes em geral. Confira o vídeo  e participe dessa campanha. Depois de assistir, vote em http://www.precojustoja.com.br e faça a sua parte!