"Comovo-me ao ver as casas antigas, espremidas entre os edifícios. São como bois nos matadouros. Estão à espera do sacrifício. Comovo-me pensando que houve um tempo em que aquela casa era o sonho, quem sabe de um casal. Conversavam, marido e mulher, fazendo planos. Seriam muito felizes. Plantariam flores no jardim. Hoje, as casas estão abandonadas, vazias. No caminho para Pocinhos passo sempre numa entrada onde está escrito "Sítio do Vovô". O vovô sonhou com os netos brincando no seu sítio. Tudo seria alegria. Veio depois a descoberta de que os netos tinham outras idéias. E essas outras idéias não previam passar os fins de semana no "sítio do vovô".
(Rubem Alves)
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