domingo, 30 de setembro de 2012

Finais... recomeços?



Fim de tarde
Fim da linha
Fim da esperança dormente

Fim dos tempos
Fim do tempo
Fim do que seria e não começou

Faltas...
De amores
De excessos necessários
Timbres de guitarra.

Falta de sentido
De bom senso
De criancices

Falta de tempo
Sobra de contratempos.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Vazios


Tenho sofrido irremediavelmente de ausência poética! Já consultei os melhores profissionais no assunto e sempre me recomendam a mesma coisa: poesia pela manhã, olhares perdidos ao entardecer, cultivo de flores nos fins de semana, observação de pássaros três vezes ao dia. O tratamento precisa ser intensivo para que a doença não se agrave. 

Confesso que a preocupação me atingiu em cheio. Passei dias em claro e noites em sonhos. Gota a gota absorvi cada verso, cada rima, cada contraste em meu caminho. E não fizeram muito efeito. Augusto dos Anjos me visitou outro dia com seus Eu e todas as outras poesias. Severino me falou de uma tal morte e vida. Conversa pesada demais para manhãs de domingo. Até a cachorra Baleia deitou-se aos meus pés. Cansada. Sem horizontes. Queria extravasar seu amor e sua fúria por Fabiano, mas nenhum ganido partiu de sua boca seca e seus olhos murchos.

Percorri de pés descalços e cabelos ao vento trilhas longas e íngremes. Levei canções como companheiras ao longo da caminhada e, em minha bolsa, folhas avulsas guardando palavras soltas, prontas para a composição de poesias, caso surgisse algum imprevisto. Mas meus sintomas eram graves demais para que tais poesias fossem geradas. Gemiam em dores de parto, incapazes de nascimento.

Agora aqui estou. Vácuo me preenchendo, em agonia extrema. Sol se pondo mais uma vez, relógio chamando, pés cansados. Vento frio em sonhos secos.


segunda-feira, 11 de junho de 2012

Marionetes


Dispensa comentários...


Seu Mestre Mandou

Da a pata, senta, deita
Não respire, apague a luz
Vote em mim e não discuta
Tenha fé, carregue a cruz
Seja livre, mas nem tanto
Pode criar, mas eu digo o que
Assine as três vias, entregue e aguarde,
não se preocupe, eu aviso a você!
Não se informe,deixa comigo,
Durma tranquilo, confie em mim
Não se importe, sem problemas,
Deixa que eu resolvo daqui
Pra que emprego, que coisa chata
Aproveite o Carnaval
Mesmo sem luz, proteção nem dinheiro
Por favor, não mude o canal

Seu Mestre Mandou

Compre sua roupa na loja mais cara
Entre na moda, ai vem o verão
Use, abuse, finja que manda,
Mas viva com o olho aberto se não...

E Daqui a pouco vão querer
Morar em você (4x)
Vão querer
Morar querer você
E Daqui a pouco vão querer
Morar em você(bis)

Vão querer
Morar em você(3x)
Vão querer ê ê..

Seu Mestre Mandou...


sábado, 12 de maio de 2012

Nova música de Gabriel o Pensador


Gabriel o Pensador lança música e videoclipe inspirados na Feira do Livro de Bento Gonçalves e nas suas experiências como escritor desde garoto.
O mote da letra poderia ser resumido na frase "eu gosto de escrever", característica inata do rapper e autor de três livros (um deles premiado com o Prêmio Jabuti). Ironicamente, o Pensador "confessa" esse seu vício como um "problema" descoberto ainda na infância e que ele não teria conseguido controlar, nem mesmo apelando para o surf e o futebol, que "não eram o seu forte". "então eu descobri que já nasci com esse problema / eu gosto de escrever, eu gosto de escrever, crer ver / ver, crer, eu gosto de escrever e escrevo até até poema"
No refrão, com um certo tom de desabafo, nota-se uma referência à polêmica em que se viu envolvido mês de abril, quando alguns escritores questionaram o investimento da Prefeitura de Bento Gonçalves na compra de dois mil exmplares de seus livros, além um show com todas as despesas incluídas, que seria realizado no encerramento da feira, no final de maio.
Gabriel foi a público, mostrou em seu site a planilha de custos detalhada do contrato, declarou que estava "de saco cheio" e desistiu de fazer o show e abriu mão da venda de seus livros, decidindo ir à Feira fazer palestras como Patrono gratuitamente, porém deixou bem claro que discorda da opinião de que Feira do Livro não é lugar de show musical:
"Meu Pai, eu confesso, eu faço prosa e verso / na feira eu vendo livro, no show eu vendo ingresso / na loja eu vendo disco, já vendi mais de um milhão / se isso for um crime, quero ir logo pra prisão"
A música foi feita no Rio, em parceria com o compositor e produtor gaúcho André Gomes (letra integral de Gabriel o Pensador), com a participação do músico Antônio Villeroy, mais um gaúcho residente na cidade maravilhosa, destino que teve, aliás, o pai de Gabriel, citado na letra como "um homem sério, um gaúcho de POA" e representado no videoclipe por um boneco do gaúcho laçador.
O resultado é uma mistura de hip hop com gaita e violão gaúchos, com uma bela harmonia sobre batida eletrônica que funcionam como uma estrada por onde o rapper passeia relembrando cenas de sua trajetória profissional e pessoal.
A direção do clipe ficou por conta de Thiago Ferreira e Tchello DRC, baixista do Detonautas, e a edição a cargo de Thiago Ferreira, que também é músico, com a colaboração do próprio Gabriel, que cedeu imagens de arquivo e se disse emocionado com o resultado:
- No fim das contas, acho que por um lado eu até lucrei com essa história, pelo prazer de compor uma canção de amor à literatura, incluindo aí como "literatura" a minha paixão pelas letras de música e tudo que eu faço, que vem da palavra. Aprendi um pouco também. De repente eu me vi explicando valor de cachê e preço de livro, uma situação inédita pra mim até então. Fiquei aborrecido e poderia falar de intriga, de inveja, de política, de desinformação... mas acabei falando de coisas muito melhores na letra. De coisas lindas, que eu vejo com muita frequência, rodando pelas feiras literárias e por shows há muitos anos. Gratidão, amor, determinação, inspiração, troca, liberdade, pureza... são coisas que eu vejo quase sempre, que me acompanham, que são o meu maior pagamento desde que comecei a cantar e a escrever e sempre serão, e essa música, com a ajuda das imagens, talvez consiga passar um pouco desse meu mundo pra quem não conhece direito. De qualquer forma, me fez olhar pra isso tudo com um carinho ainda maior, como a gente sente quando mexe num baú de recordações, que foi exatamente como nasceu também meu primeiro livro.

Abaixo, confira o video clip


Vontades


Vontade imensa de ficar parado e não ver a dor chegar... ou de vê-la partir sem ao menos se dar conta de que um dia chegou... vontade louca de ganhar apenas mais uma dose injetável do que chamam vida em sua beleza crua. 

Vontade de fechar os olhos. E ficar assim. Deixar que o sol, no momento oportuno viesse abri-los. Vontade de infância, de água da fonte, de sol se pondo atras do monte verde, lembrança que ficou. Vontade de mãos dadas e sorriso aberto. Vontade de presença.

sábado, 5 de maio de 2012

Andanças



Estive por aí...

Andei por velhos caminhos, pouco usados em minha trajetória, onde encontrei tantos que não fizeram nenhuma questão de me deixar marcas. Sempre estavam ocupados demais consigo mesmos. Por algum tempo quis retornar, mas não sabia como. Perdi o velho fio da meada. Me esqueci de deixar pedacinhos de pão pela estrada.

Depois de algum tempo, além do horizonte que não me permitia ver muita coisa exceto a correria, o gastar tempo com as coisas fúteis que não me completam, como estar extremamente ocupado com o trabalho, com os compromissos de gente grande, encontrei um vislumbre antigo. Uma matiz que mexeu com algo aqui dentro.

Talvez fosse apenas uma cor em meio ao cinza do dia a dia. Talvez uma pétala que se perdeu de sua flor e se deixou levar pelo vento além de seus limites. O fato é que estive por aí e não vi nada que tenha me aconchegado, me feito gente, me acalmado... nada que tenha me feito sentir não máquina. É... talvez eu tenha me en-maquenecido (sei que o neologismo é péssimo, mas não me ocorre nada melhor). Talvez meus neurônios poéticos estejam gastos e a vida tenha entrado nas engrenagens do mundo comum de quem nada vê além dos compromissos.

Voltei? Não sei... não sei dizer se é volta ou apenas uma fresta que se abre em meio à caminhada rumo a não sei onde. Não sei sequer se houve partida um dia. Ou se haverá retorno. Sei apenas que tenho saudades. E esta não se traduz.