terça-feira, 26 de julho de 2011

Liberdade


Ah, gosto de liberdade...

Tá, concordo que ele não é assim tãããão real, que existem mil e uma coisas que interceptam nossos caminhos... coisas que deveriam deixar livres e tantas vezes aprisionam: trabalho, compromissos, palavras, coisas, lugares... mas o gostinho de liberdade é uma realidade que se sente sim. Leve, rápido, sutil, doce...

Mandar tudo para o alto, deixar-se ser... permitir-se viver! Um brinde aos livres.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Saudade - Miguel Falabela



Hoje partilho com vocês um belo texto de Miguel Falabela: ele tem o dom de exteriorizar o inexprimível.


Dói bater a cabeça na quina da mesa. Dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é a saudade.

Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.

Doem estas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar no quarto e ela na sala, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o dentista e ela pra faculdade, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-la, ela sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã. Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter. 

Saudade é basicamente não saber. Não saber mais se ela continua fungando num ambiente frio. Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia. Não saber se ela ainda usa aquela saia. Não saber se ele foi à consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada, se ele tem assistido às aulas de inglês, se aprendeu a entrar na Internet, a encontrar a página do Diário Oficial, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua preferindo Malzebier, se ela continua detestando McDonalds, se ele continua amando, se ela continua a chorar até nas comédias. 

Saudade é não saber mesmo! Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos. Não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento. Não saber como frear as lágrimas diante de uma música. Não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

É não saber se ela está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso... É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer.

Saudade é isso que eu estive sentido enquanto escrevia. E o que você provavelmente estará sentindo depois que acabar de ler.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Indicado da semana: Harry Potter e as relíquias da morte parte II

Indicar Harry Potter pode significar nadar na mesmice, não se tratasse se uma obra fenomenal (comercial ou não, o fato é que se fez um estrondoso sucesso de bilheteria, livraria, público em geral. Lembram-se das filas nas portas das livrarias nos lançamentos mundias dos livros, ano após ano?)

É notória a ascensão que a obra foi tendo ao longo de todos estes anos em que foi sendo produzida e vorazmente consumida por seu público fiel. De Harry Potter e a Pedra Filosofal para este último, As relíquias da morte parte II temos um gigantesco passo. Em todos os sentidos. Do Harry menino ao jovem maduro, do amadurecimento e das amizades e relacionamentos, da densidade da história, do encadeamento dos fatos, da produção cinematográfica...

Temos um longa sombrio, como a primeira parte (ouso afirmar, ao contrário de algumas críticas, mais sombrio que a parte anterior). Surpresas, revelações (que, afinal, todos os fãs de carteirinha já sabiam, pois quem é que se contentou em não ler os livros antes?). Uma trilha sonora impecável!

Falhas? Sim, algumas, mas que não comprometem a obra cinematográfica em sua essência. Fora a pieguice do final, o filme se faz um bloco consistente e digno de fechar a saga. Ainda dá tempo de conferir como tudo termina.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Beleza escondida

Sabe aqueles dias em que você parece meio ausente de tudo, em vista da correria do dia a dia? Pois bem... eis como estou nos últimos tempos; isso explica a ausência de posts inéditos. Não que a beleza, a poesia, os olhos atentos à vida que eclode à minha volta estejam ausentes. Pelo contrário: guardo cada pedacinho de tudo isso para o momento oportuno, para aquele momento onde poderei sentar e sorver cada gota de poesia acumulada, cada nota deste som que apreendo chamado vida.

Como aquela sensação de ter um livro em mãos e não poder lê-lo. Aprecia-se sua textuta, seu cheiro, sua cor, folheia-se as páginas aleatoriamente, lê-se uma ou outra frase aqui e ali... mas o guardamos para aqueles dias onde a leitura pode ser o centro das atividades; onde uma rede e uma boa almofada podem nos acompanhar nesta aventura.

A boa e velha sensação de se ter uma beleza escondida, guardada.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Metades


Que a força do medo que tenho/ Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito/ Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito/ Mas a outra metade é silêncio.

Que a música que ouço ao longe/ Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada/ Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida/ Mas a outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo/ Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas/ Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço/ Mas a outra metade é o que calo.

Que essa minha vontade de ir embora/ Se transforme na calma e na paz que eu mereço
Que essa tensão que me corrói por dentro/ Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que eu penso/ Mas a outra metade é um vulcão.


Que o medo da solidão se afaste, e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância
Por que metade de mim é a lembrança do que fui/ A outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria/ Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo/ Mas a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta/ Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar/ Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia/ E a outra metade é canção.

E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.

(Oswaldo Montenegro)

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Indicado da semana: Lope

Lope, coprodução de Brasil e Espanha conta a história de um dos maiores nomes do teatro espanhol. Como diretor, um brasileiro sem renome internacional, Andrucha Waddington, a princípio causa um certo desconforto entre os compatriotas do dramaturgo, por verem o mito nacional nas mãos de um estrangeiro.

No elenco, Selton Melo como um nobre português e Sônia Braga como a mãe de Lope.

O filme foca os primeiros anos do poeta e dramaturgo, sua produção e paixões; o que temos como produto final é um filme clássico, marcado pela paixão e o cuidado na produção. Lope era chamado por Cervantes de 'monstro da natureza', pela sua incrível capacidade de produção: em seu currículo se encontram três mil sonetos, três romances, nove poemas épicos e cerca de mil e oitocentas peças de teatro.

O filme chega ao Brasil um semestre depois de lançado e entra em cartaz fora dos circuitos comerciais, sendo classificado por algumas redes de cinema como Cult; é um título que não pode deixar de ser visto pelos amantes do cinema e das artes em geral.

Abaixo, trailler da obra.


Abraços especiais


Neste início de tarde de sexta feira queremos abraçar e agradecer, de forma especial, nossos fiéis visitantes, das mais diversas partes do mundo.

Agradecemos a visita dos internautas dos Estados Unidos, Portugal, França, Alemanha, Moçambique, Itália, Angola, Brasil... 

Esta é uma página que construímos dia após dia, com o melhor da arte, da poesia, sensibilidade, próprias da vida em ação. Deixe seu comentário, sugestão, crítica, pedido... e continue saboreando Café & Arte. Diariamente.

Ganhadores da Primeira Promoção do Blog

Os ganhadores da primeira promoção do Blog Café & Arte foram:

1 - Lucas Lima - São Paulo
2 - Maria Antônia Barreto - Bahia
3 - Ivan Lopes - Lisboa

Os ganhadores receberão em suas casas um exemplar do livro Fragmentos. Parabéns.