terça-feira, 16 de agosto de 2011

Recomendado: O retrato de Dorian Gray - o filme

Com dois anos de atraso, finalmente estréia no Brasil O retrato de Dorian Gray, adaptação da famosa obra de Oscar Wilde (seu único romance, é verdade).

Entre elogios  e críticas, o filme segue tímido em poucas salas de cinema. Em alguns lugares, o rótulo de cult, coloca-o ainda mais longe do grande público que, convenhamos, está louco para ver o final da saga crepúsculo!

Embora o filme se perca em alguns momentos, em outros se sobressai por si mesmo. Oscar Wilde preenche com uma dramaticidade única suas personagens e seu texto ímpar (ali está a marca do que foi sua vida, suas histórias. Recomendo a leitura de The Profundis, carta autobiográfica, para um contato maior com o que foi sua existência). A adaptação cinematográfica tenta captar em algumas cenas esta intensidade em cores e movimentos.

Na obra de Wilde temos visível, quase gritante, uma denúncia aos costumes sociais, morais de uma época em decadência (ou, melhor, da existência humana sempre decadente). Não há o bem ou o mal. Há o corrompido e o que ainda está por corromper. Personagens dúbias, filosofia viva, existencialismo cru. São alguns dos ingredientes que se somam à construção do filme.

Moralidade, religiosidade... instinto... prazer versus felicidade. Talvez a grande angústia de Dorian seja exatamente esta: poder comprar tudo, inclusive o prazer, ser dono de beleza eterna... mas ser infeliz. A beleza de algumas coisas está justamente no fato de serem passageiras, diz em algum momento.

Algumas situações apenas insinuadas no livro são escancaradas no filme. As orgias, o sexo fácil, bebedeiras, homossexualismo, busca por redenção... estão ali, diante do público, instigando reflexão. Wilde continua atemporal em sua obra. Assim como Dorian, sua ela segue, atemporal, bela, sendo conhecida/corrompida pouco a pouco. 

Ainda dá tempo de buscar o cinema mais próximo.




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