sexta-feira, 8 de abril de 2011

(Im)Possibilidades


Diante de uma página em branco há sempre  a triste constatação da impossibilidade de escrever, produzir. Há tantos mundos que esperam ser escritos, tantas realidades adormecidas, que sonham em acordar de repente e existir em outras formas que não o anonimato onírico.

Escrever nestas condições é quase como um sacrilégio, uma profanação. Por vezes fico estagnado diante da tela em branco, os dedos prontos a começar a digitar... mas páro. Não dá para escrever de qualquer jeito. É quase como uma celebração, um ritual. Necessita reverência ao que virá, reverência à vida que há de ser (re)criada. É nascimento. Parto. Paternidade. Maternidade. E, uma vez nascido, sou responsável pela cria.

Tomo um gole de café. Fumaria um cigarro, caso eu fumasse. Tomaria um wisque, caso bebesse. Observo os olhos que me espreitam por trás da imensidão branca da tela. Estão ansiosos pela metamorfose e esperam ser paridos. Mas, por vezes, não ouso. E retardo nascimentos. A gestação continua; ainda não se completou aqui dentro.

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