sábado, 30 de abril de 2011

Leveza


"É Deus que te faz entender toda poesia
E torna mais valiosa a vida
E prova que ainda dá pra ser feliz
Apenas atenda quem chama".
(Rosa de Saron)

Intensidade

Me chamem de louco, insensato, infantil, inconsequente... mas não permito que me chamem de superficial.
Se vivo, vivo em intensidade. Uma dor, um amor, um relacionamento, uma responsabilidade. Metades? Não, não me convencem. Há que ser por inteiro, há que ser total, pleno.

Solidão? É... pode ser que isso um dia me cause solidão; mas na solidão haverá a companhia da eterna certeza de que tudo vale a pena... se a alma não for pequena, como dizia o Fernando (o Pessoa).

Amplienmos nossas almas. E que venha então a loucura, a insanidade, a inconsequência... e tudo valerá  a pena.

Jean Lucy

quarta-feira, 27 de abril de 2011

De sombras e tristezas

Às vezes me vem uma tristeza que não se explica e que se instala em minha alma! Talvez seja a dor pelo que não posso tocar ou por aquilo que não cabe a mim mudar, mas que indigna e questiona. Profundamente.

Não, não exteriorizo, não exorcizo tal sentimento porque ele não faz mal, não confunde, não machuca. Apenas pede espaço para existir por algum tempo, em algum espaço; depois se vai e me deixa com a vaga sensação de que fui inadequado em ficar quando todos seguiam adiante.

Não peço que me entendam, me compreendam, não exijo que me acompanhem... apenas me deixo assim, quieto, mudo, estagnado, em estado de quase resignação. Não grito, não choro, não suplico. Apenas  permito em mim um sentimento que não compreendo.

Ana Carolina e Maria Gadu

Pra quem acha que o máximo nunca é superável, eis um exemplo:

terça-feira, 26 de abril de 2011

Doses de sabedoria IV


"Disciplina é liberdade;
Compaixão é fortaleza;
Ter bondade é ter coragem".


(Renato Russo)

Ser humano, ser poeta...

Impossível ser poeta em tempos pós modernos?

Anseio pelos sorrisos, recebo repreensões, desejo os detalhes que modificam, me enviam cronogramas a serem cumpridos, busco sentimentos, me cobram atitudes despidas de humanismo.

Alguém me explica como ser humano sem deixar de ser gente? Alguém me indica algo que me ajude a ser eu sem ter que viver a vida que me cobram que viva? Alguém me indica um filme que fale de amor, um livro que aponte para o singelo, uma música que toque a alma, um novo sabor de chocolate meio amargo e um bom analista?

Queria eu estar na incompletude, mas na certeza de que vivo. 

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Pequenas coisas, grandes momentos

Engraçado como nos esquecemos das coisas que realmente importam!

No dia a dia vivemos em eterna correria... de um lado para o outro e em constante busca. Mas busca de quê? Geralmente, o que mais nos toma tempo são os afazeres no trabalho, as responsabilidades e compromissos. Quando retornamos aos que amamos, estamos cansados... e precisamos descansar para a próxima maratona.

Enquanto isso vamos nos esquecendo o que significa andar na grama de pés descalços,  ver o pôr do sol, sem lembrar de que existe relógio, dormir até acordar, sem que para isso se use um despertador, deixar o celular desligado no fim de semana, preparar juntos o café da manhã, rever aquele filme antigo, comer pipoca na frente da tv, comprar comida na feira do bairro, subir em árvores... gestos tão pequenos e que às vezes fazem toda a diferença no convívio diário.

Por vezes, é necessário deixar de ser gente grande  e ser apenas humanos. Carentes, amantes, amados.

sábado, 23 de abril de 2011

Te amo - Vanessa da Mata

Dispensa qualquer comentário. A expressão corporal vale por si só. Parabéns Vanessa! Parabéns Wagner!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Dona doida - Adélia Prado

Pareceu-lhe que tivéssemos abandonado o barco? Não, não, não... é que uma semana meio punk se instalou por aqui... mas aqui estamos... e para nos redimir, poesia genuinamente mineira: Adélia Prado.


Uma vez, quando eu era menina, choveu grosso

com trovoadas e clarões, exatamente como chove agora.
Quando se pôde abrir as janelas,
as poças tremiam com os últimos pingos.
Minha mãe, como quem sabe que vai escrever um poema,
decidiu inspirada: chuchu novinho, angu, molho de ovos.
Fui buscar os chuchus e estou voltando agora,
trinta anos depois. Não encontrei minha mãe.
A mulher que me abriu a porta, riu de dona tão velha,
com sombrinha infantil e coxas à mostra.
Meus filhos me repudiaram envergonhados,
meu marido ficou triste até a morte,
eu fiquei doida no encalço.
Só melhoro quando chove.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Poesia: Pablo Neruda



Tu eras também uma pequena folha

que tremia no meu peito.
O vento da vida pôs-te ali.

A princípio não te vi: não soube
que ias comigo,
até que as tuas raízes
atravessaram o meu peito,
se uniram aos fios do meu sangue,
falaram pela minha boca,
floresceram comigo.


***

Dois amantes felizes não têm fim nem morte,

nascem e morrem tanta vez enquanto vivem,
são eternos como é a natureza

terça-feira, 12 de abril de 2011

Teatro: Calígula

O texto de Albert Camus é encenado por Thiago Lacerda, que transmite para os palcos toda a dramaticidade da obra. 

 Calígula é uma experiência única e perturbadora. Ao final da peça, o primeiro impulso é o de estranho incômodo que não nos faz desgrudar da poltrona. Depois vem a necessidade de ignorar o texto. Mas o impacto e o incômodo persistem e cobram uma resposta.

A obra perturba porque questiona certezas e razões até então inquestionáveis e estruturadas. É impossível enquadrar Calígula dentro de algumas classificações como louco, tirano, psicótico, psicopata, amante, inocente, devasso, maquiavélico... se o conseguíssemos, a inquietação seria menor. Bem menor. O fato é que ali estamos, num emaranhado de sentimentos e atitudes, desejos e vontades. Entre o dito e o não dito. Entre o cumprimento da vontade e o aprisionamento por regras. Ali temos redenção. Liberdade. Falta completa de sentido. Busca. Paradoxos. Faltam e sobram crenças. 

Em Calígula identificamos uma nossa verdade íntima. Talvez desconhecida, mas está ali. Pulsante.  Talvez dizê-lo amoral seja a melhor definição para suas atitudes. Não há regras. Assim como há; não há certo e errado. Há feito e não feito. Há o que foge ao padrão bem e mal.  No fundo Camus procura ir além do bem e do mal, do certo e errado. Busca igualar as coisas, acabar com as diferenças ilusórias, mostrar o vazio essencial que nivela tudo. Há uma força anárquica que zomba, questiona toda lei e ordem sobre as quais se tenta estruturar o mundo. Ele desnuda hipocrisias. Faz da moral uma máscara e não um rosto, uma realidade concreta. 

Há o desconcerto. E a busca por si mesmo.

Abaixo dois vídeos sobre a peça e fotos da apresentação da peça em Campo Grande, MS.



segunda-feira, 11 de abril de 2011

Estúdio Romeu e Julieta

Maior responsabilidade falar sobre o Estúdio Romeu e Julieta. Só quem conhece de perto Jean Campos e Patrícia Palma entende o que é respirar e viver arte dia e noite (noite mesmo - por vezes o processo de produção entra e vira a noite, sabe aquela história de inspiração e tal? pois é...).

Citar um trabalho do Estúdio? Impossível fazê-lo sem pecar, uma vez que são muitos e sempre de qualidade única e incomparável. Mas vamos pelo mais recente: a animação do bom e velho cachorrinho cofap, sendo exibida atualmente pela Rede Globo, no intervalo do Jornal Nacional.

Como nasce a arte? Como ela se desenvolve? Para responder, simplesmente deixamos aqui o link da página do Estúdio para que vocês confira. Uma coisa é garantida: não haverá arrependimento. Visite e veja que, o que o Estúdio produz está em muitas coisas que fazem parte do seu dia a dia. Romeu e Julieta está em:  http://www.romeuejulieta.net/

Jean, Patrícia, Maria Clara: abraço grande. E saudades imensas de um tempo que ficou. 

PS: Patrícia, outro dia ouvi um "barulhinho"no cinema, rsss (viu que escrevi de verde?); Jean: a 10a temporada pretende ser a última.

sábado, 9 de abril de 2011

Indicado da semana: DVD Rosa de Saron

Rosa de Saron é uma banda de rock cristã/católica que surgiu em 1988 na cidade de Campinas, SP. A banda, inicialmente apresentava em seu repertório, um som mais pesado; hoje a sonoridade das canções  traz um pop rock mais elaborado e mais ao gosto popular, digamos assim.

Como curiosidade: em 2010 o site G1 promoveu uma pesquisa a fim de descobrir a banda do ano. Rosa de Saron ficou em segundo lugar, atrás da cantora mexicana Dulce Maria, ex RB (algúem me diz quem é essa?). 

As canções interpretadas pela banda traz como característica marcante uma duplicidade de sentido. Não há, em todas as canções, uma pieguice e/ou abordagem direta à temática cristã ou ao nome de Deus, embora todas façam esta referência. Pode ser uma abordagem que tem levado a banda  a atingir um número cada vez maior de fãs dentro e fora da Igreja, no catolicismo e fora dele.

São nove os CDs e DVDs lançados até hoje. O CD e DVD Acústico levou-os a alcançar um público recorde até então. O último trabalho, Horizonte Vivo Distante, retoma características antigas: som mais pesado, sem menosprezar a sonoridade experimentada no Acústico. Ótima opção de DVD, CD ou, de acordo com a disponibilidade em sua região, de show. Vale a pena conferir.

Quando frade franciscano (sim, já fui religioso franciscano), entrevistei a banda em um show na cidade de Corumbá, MS. Abaixo você pode conferir dois vídeos: uma amostragem desta nova sonoridade e esta entrevista, realizada em 2010.


sexta-feira, 8 de abril de 2011

(Im)Possibilidades


Diante de uma página em branco há sempre  a triste constatação da impossibilidade de escrever, produzir. Há tantos mundos que esperam ser escritos, tantas realidades adormecidas, que sonham em acordar de repente e existir em outras formas que não o anonimato onírico.

Escrever nestas condições é quase como um sacrilégio, uma profanação. Por vezes fico estagnado diante da tela em branco, os dedos prontos a começar a digitar... mas páro. Não dá para escrever de qualquer jeito. É quase como uma celebração, um ritual. Necessita reverência ao que virá, reverência à vida que há de ser (re)criada. É nascimento. Parto. Paternidade. Maternidade. E, uma vez nascido, sou responsável pela cria.

Tomo um gole de café. Fumaria um cigarro, caso eu fumasse. Tomaria um wisque, caso bebesse. Observo os olhos que me espreitam por trás da imensidão branca da tela. Estão ansiosos pela metamorfose e esperam ser paridos. Mas, por vezes, não ouso. E retardo nascimentos. A gestação continua; ainda não se completou aqui dentro.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Manoel de Barros...[sobre incompletude]


A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como
sou - eu não aceito.
Não agüento ser apenas um
sujeito que abre
portas, que puxa válvulas,
que olha o relógio, que
compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora,
que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem
usando borboletas.

terça-feira, 5 de abril de 2011

lol


Um amigo me falou outro dia sobre lol.
- Lol? Você está falando de Lost? O seriado? 
Não... ele estava se referindo a L.O.L mesmo.
- What is this? - perguntei (ele mora nos Estados Unidos).

Então ele foi me explicar: lol em linguagem cibernética, internética e sei lá mais o que ética, significava uma risada alta, solta, espontânea. Hummm... pensei... e comecei a utilizar lol em meu vocabulário internético. Sempre que achava engraçado, muito engraçado, digitava lol. Fácil, simples, curto... mas não funcional.

Como? Foi o que ele me questionou. Como assim não funcional? É rapidinho... três letras apenas... Justamente por isso... em lol não cabe meu riso solto, espontâneo... fica tudo muito reduzido, como um pum, chega e sai sem que ninguém veja (olhe, disse que ninguém vê e não que ninguém sente!, que fique claro).    
Então comecei a usar loooooooooooooooooooooooool ou então lollllllllllllllllllllllllllllllllllllll... fui severamente surpreendido: é lol. Só. Me acusaram de plágio de Galvão Bueno em gooolllll... 

Então vem a pergunta? O que fazer quando o que se tem a dizer não cabe dentro nas palavras? Ele não soube responder. Houve uma pausa longa do outro lado (falávamos pelo skype); um silêncio que chegou até aqui, longo, mais longo que lol. Então concluí que, algumas coisas simplesmente não cabem no que se diz. É preciso fazer.

Jean Lucy Toledo Vieira
jean.csdb@hotmail.com

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Indicados da Semana

Nesta semana indicamos duas obras fantásticas. 

A primeira é a excelente revista Bravo!, uma das poucas publicações nacionais dedicadas à cultura de forma ampla e diversificada. Música, literatura, cinema, teatro, dança, artes plásticas... uma miscelânia de assuntos que, com certeza irá lhe interessar, uma vez que está se debruçando a acompanhar este blog: és um amante da arte e da cultura. 

Bravo! é uma publicação mensal da editora abril.



A segunda indicação é o DVD Renato Russo: entrevistas MTV. 

Renato Russo, líder da Legião Urbana, é alguém que fala por si, por sua obra, atemporal e sempre muito nova e inovadora. Um homem que bebeu continuamente da cultura do mundo e a transformou em música e poesia. Inconformado com um sistema pesado, massacrante, extremamente sensível a ponto de traduzir em música os sentimentos de toda uma geração. A Legião Urbana continua atraindo fãs ainda hoje, mesmo após mais de dez anos da morte do vocalista e o fim da banda.

O DVD apresenta entrevistas que mostram a personalidade do poeta maior do rock nacional. Excelente indicação para seu fim de semana.