quinta-feira, 30 de junho de 2011

Via Láctea - Legião Urbana


Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho
Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz...

Mas não me diga isso...

Hoje a tristeza não é passageira
Hoje fiquei com febreA tarde inteira
E quando chegar a noite
Cada estrela parecerá uma lágrima...

Queria ser como os outros
E rir das desgraças da vida
Ou fingir estar sempre bem
Ver a  das coisas com humor...

Mas não me diga isso...

É só hoje e isso passa
Só me deixe aqui quieto
Isso passa
Amanhã é um outro dia
Não é?...

Eu nem sei porque me sinto assim
Vem de repente um anjo tiste perto de mim...

E essa febre que não passa
E meu sorriso sem graça
Não me dê atenção
Mas obrigado por pensar em mim...

Quando tudo está perdido
Sempre existe uma luz
Quando tudo está perdido
Sempre existe um caminho...

Quando tudo está perdido
Eu me sinto tão sozinho
Quando tudo está perdido
Não quero mais ser quem eu sou...

Mas não me diga isso
Não me dê atenção
E obrigado por pensar em mim...



segunda-feira, 27 de junho de 2011

Manoel Bandeira - Deficiências

Poema do célebre Manoel Bandeira em forma de vídeo-fotos. Reflexão para as tardes com Café & Arte.

sábado, 25 de junho de 2011

João Cabral de Melo Neto - O amor

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina. 

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos. 

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água. 

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. 

O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala. 

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Crônica selecionada para publicação em livro

Todo escritor escreve para o mundo, para os outros. Ainda não há meio mais fácil de fazer chegar ao público o texto escrito a não ser via publicação (haverá outras formas algum dia?). E falo da publicação hoje em vários meios e formas, como os jornais, revistas, sites, blogs, livros...

Nos alegramos imensamente e partilhamos esta alegria com vocês que nos seguem e leem nossos posts cotidianamente: a crônica O Amor encontrou seu lugar, um dos primeiros posts a dar as caras aqui em Café & Arte, foi selecionada para integrar a edição 2011 do livro Crônicas do cotidiano, editado pela Câmara Brasileira de Jovens Escritores, editora do Rio de Janeiro . Uma honra para mim enquanto pessoa, escritor e agora blogueiro. A versão que vai para as páginas do Crônicas do Cotidiano, edição 2011 é a mesma que você pode ler aqui no blog, com ligeiras correções e pequenos acréscimos.

Para quem ainda não leu a crônica, pode fazê-lo em primeiro lugar, acessando, aqui em nosso espaço, o link: http://jeancafeiarte.blogspot.com/2011/02/o-amor-encontrou-seu-lugar.html

Confiram outros selecionados no link: http://www.camarabrasileira.com/cronicasdocotidiano2011.htm 

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Mário de Andrade


                                       ***


" Olhar preso no meu, perdidamente.
Não exijas mais nada. 
Não desejo também mais nada, só te olhar, 
enquanto a realidade é simples, e isto apenas".

(Mário de Andrade)


***

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Quer Ganhar Um Livro Do Blog Café & Arte?

Essa é a nossa primeira promoção!

QUER GANHAR UM LIVRO DO BLOG CAFÉ & ARTE?

É fácil de participar: envie email para jean.csdb@hotmail.com com o título PROMOÇÃO dizendo, em uma frase, o que você mais gosta de ver aqui em Café & Arte e porquê. As melhores frases receberão em casa um exemplar do meu livro, Fragmentos. É só enviar o email e aguardar o resultado, que será divulgado aqui no Blog. Os vencedores serão avisados previamente por email. Participe e boa sorte!

Foto: cartaz de divulgação (2009/2010)

Como aprender poesia?

Outro dia me pediram para ensinar poesia.

Fiquei mudo.

Olhei boquiaberto para o autor da pergunta e, incapaz de formular uma resposta questionei a mim mesmo: onde ele esteve durante todos os amanheceres? Onde se encontrava durante todos os pores do sol (sem me importar se usava hífen ou não, com nova ou antiga ortografia...); será que ele nunca havia presenciado, meu Deus, o voo das borboletas ou o canto dos pássaros? Nunca havia notado as gotas de orvalho em manhãs de primavera? Ou a chuva em meios de tarde de outono? Onde vivia não haveriam estrelas cadentes, luares atordoantes, ondas revoltas, brisa suave, colorido das flores, sorrisos de crianças, sabedoria dos idosos, inconveniência dos amantes... não havia em seus livros de estudo a presença de Manoel de Barros, Drummond, Adélia Prado, Rubem Alves, Vinícius, Cora Coralina e Cenira, minha mãe? Não existiam em seu mundo os abraços acolhedores, os beijos intensos e os adeuses desejosos de reencontro?

Incapaz de dar uma resposta, deixei-me ficar ali. por longo tempo. Quando consegui balbuciar: "poesia não se ensina... se vive..."... ele já havia partido inconformado!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Federico Garcia Lorca


Amor de minhas entranhas, morte viva, 
em vão espero tua palavra escrita 
e penso, com a flor que se murcha, 
que se vivo sem mim quero perder-te.


O ar é imortal. A pedra inerte 
nem conhece a sombra nem a evita. 
Coração interior não necessita 
o mel gelado que a lua verte.


Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias, 
tigre e pomba, sobre tua cintura 
em duelo de kordiscos e açucenas.


Enche, pois, de palavras minha loucura 
ou deixa-me viver em minha serena 
noite da alma para sempre escura.

Ilumine Vidas


A promoção da vida sempre foi uma atitude profundamente humana e é o que nos identifica como tais, além de ser essencialmente uma atitude cristã.


Queremos neste post levá-lo a conhecer um trabalho magnífico desenvolvido pelo Centro Social Dom Bosco, em Campo Grande - MS,  através da Creche Nossa Senhora Auxiliadora. Todos os dias são atendidas em período integral, 145 crianças de 0 a 5 anos de idade, que recebem três refeições diárias além de atendimento educacional especializado, atendimento odontológico e carinho, muito carinho. Tudo isso de forma gratuita. As crianças atendidas são todas de famílias carentes, cujas mães necessitam trabalhar e não tem com quem deixar as crianças; o que o Centro Social deseja é oferecer sempre uma educação de qualidade,  o melhor.


Como isso se dá? Através da ajuda e colaboração de voluntários que doam um pouco do que podem para que a vida de muitas crianças sejam iluminadas. Para saber como ajudar, acesse o site do Centro Social Dom Bosco: www.csdb.org.br

Seja você também um promotor da vida e a luz na existência de uma criança.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Poesia e Vida


"Há pessoas que nos roubam...
                                        Há pessoas que nos devolvem...!"
(Padre Fábio de Melo)

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Eduardo e Mônica, o filme

Confesso que me emocionei ao ver a música que embalou minha história em cores e imagens... o que seria impensável alguns anos atrás hoje se concretiza: a poesia de Renato extrapola as notas da canção e ganha ares de cinema.

E vale sempre se perguntar: "e quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração?"

Como posso caber dentro de um disco?

Renato Russo insiste em cantar minhas dores e minha vã tentativa de compreender o mundo e suas complicações. Antecipa minhas reflexões e aponta alternativas. Sofre minhas dores de forma atemporal e as transforma em música e poesia. Por vezes me sinto assim, inteirinho, faixa a faixa, minuto a minuto como uma personagem de A Tempestade. Deprê? Não, triste, calado, sem voz... tentando me encontrar onde não sei que me perdi. Tentando assimilar, amar, ser gente sem deixar de ser humano. Tentando encontrar a beleza de cada dia onde meus olhos se fazem cansados e meus passos insistem em não ir.

"Ausente o encanto antes cultivado
Percebo o mecanismo indiferente
Que teima em resgatar sem confiança
A essência do delito então sagrado
Meu coração não quer deixar meu corpo descansar
E teu desejo inverso é velho amigo
Já que o tenho sempre a meu lado
Hoje então aceitas pelo nome
O que perfeito entregas mas é tarde
Só daria certo aos dois que tentam
Se ainda embriagado pela fome
Exatos teu perdão e tua idade
O indulto a ti tomasse como bênção
Não esconda tristeza de mim
Todos se afastam quando o mundo está errado
Quando o que temos é um catálogo de erros
Quando precisamos de carinho, força e cuidado
Este é o livro das flores
Este é o livro do destino
Este é o livro de nossos dias
Este é o dia de nossos amores"

(O Livro dos Dias - Renato Russo - A Tempestade)

terça-feira, 7 de junho de 2011

Amor gratuito

Oliver. Alegre como uma manhã de domingo em dias de férias. Espontâneo, carinhoso... sabe aquele amor gratuito, aquele amor que te recebe às dez e meia da noite com os olhinhos brilhantes, não te pergunta por onde andou ou o que fez, apenas ama. Assim é Oliver.

Se chego tarde, acorda, me acompanha, me ama e pede para ser amado. Depois, quando chega a exaustão, adormece junto a mim. Aquele medo de me mover e acordá-lo, jantar por fazer, compras a serem feitas, banho a ser tomado... e Oliver ali, me prendendo sem pedir.

Não, Oliver não veio só. Trouxe Cloe junto. Em breve figurará entre os famosos de Café & Arte, compondo ela também sua poesia sem palavras, sua música sem notas, sua literatura muda.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Maria Gadu em Campo Grande MS

Sensacional. Uma palavra que definiria  a apresentação de Gadu em Campo Grande, Ms, no último dia 05/06 talvez possa ser esta: sensacional, sem nenhum medo de soar exagerado. 

Gadu chegou com sua simplicidade, timidez e esbanjou poesia em forma de canção. Ou canções em forma de poesia, tanto faz. Encantou uma platéia imensa... ainda não vi os dados oficiais, mas creio que deveriam estar por ali umas 70 mil pessoas. 70 mil campograndenses em um único espaço é coisa rara de se ver. Prova de Gadu, de fato é sensacional!

Cantou suas canções, deu seu recado, agradou a todos e não se foi. Ficou na mente e no coração de cada um. Prova de que a música brasileira ainda tem salvação fora do circuito funk - sertanejo (nada contra, mas...). 


sexta-feira, 3 de junho de 2011

Pitty: Trupe delirante no Circo Voador

Trupe Delirante no Circo Voador é o quinto disco da cantora Pitty, sendo este o segundo ao vivo. O trabalho foi lançado em CD, DVD e LP e traz os maiores sucessos de sua carreira, com ênfase nas músicas do penúltimo trabalho.

Com uma originalidade à flor da pele, seu trabalho é marcado por uma vertente do rock um tanto ausente no cenário musical brasileiro atual. Suas canções trazem sempre, como características, uma poesia diferenciada, inteligente, crua e direta. Desta forma, destaca-se sem sombra de dúvida dentre as demais bandas da última década em qualidade, originalidade, conteúdo, postura e atitude.

Para um público mais exigente que não deixa de curtir o bom e velho rock in roll, mas que não abre mão de conteúdo.

Abaixo, vídeo da canção Comum de Dois, presente neste novo trabalho.

Doses de Sabedoria VII: Fernando Pessoa


Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.

***

Adoramos a perfeição, porque não a podemos ter; repugna-la-íamos, se a tivéssemos. O perfeito é desumano, porque o humano é imperfeito.