A banda reação em cadeia tem despontado no cenário do rock nacional e a cada dia mais ganhado seu espaço. Abaixo texto do site da banda e vídeo com uma amostragem sobre o que vieram fazer no cenário musical.
"Crescer. O artista cresceu. Aprendeu. O tempo fez bem. As agruras da alma, da estrada, da convivência com os outros integrantes. As trocas de formação. Eles estão mais maduros."
Frases feitas. Repetidas a cada disco. A cada resenha musical. A música e a indústria fonográfica se movimentam sozinhas. Tem seus atalhos, suas nuances, suas verdades, mentiras, seus produtos e o público. Que acaba sendo o ponto final. Ao mesmo tempo que marca o início do outro ciclo: “Tá. Fiz o álbum. E agora? Como as pessoas o receberão?”.
Na verdade, o artista não precisava dar bola pra isso. Arte se faz porque se sente. Basta. Assim é. O que os outros vão achar pouco deveria importar. E a graça de uma carreira musical é enxergar que eles, os fazedores de música pop, mudam mesmo. Transformam os seus conceitos. E a Reação em Cadeia transformou. Melhor, se acalmou.
Jonathan Corrêa, vocalista e principal compositor, simplificou. Transformou em produto final a maneira em que todas as canções sempre foram criadas: violão e voz. Mas não! Nada de banquinhos, abajures, tapetes e o esgotado formato acústico. Temos guitarras, baixo, bateria, teclados e na cara, a canção.
Letras abertas, amores vividos e não vividos. Desencontros, transtornos de uma vida que segue. E que vira acordes encontrados na voz de Jonathan. O ex-guri continua firme. “Canta demais...”.
Pode parecer estranho eu estar indicando aqui uma programação de tv por uma série de razões: não sou um grande apreciador da programação da tv brasileira, não indicaria grande quantidade de programas, para não dizer quase nada, principalmente da tv aberta (o que atinge a grande maioria do público brasileiro), mas quero aqui indicar a programação da MTV brasileira. E tenho meus motivos para tal.
Uma programação nada a ver? Depende do ponto de vista. Uma programação contra-senso? Bem que poderia ser. Alternativa? Talvez.
A verdade é que sua programação, com algumas exceções, tem priorizado um humor leve, sutil, inteligente, sem fórmulas mágicas, cotidiano... e simples, muito simples, sem deixar de lado a criticidade e a inteligência. Pelo contrário. O Comédia, o Furo MTV, o Quinta Categoria, estão ali para provar isso. Não custa conferir. Basta ter o cuidado com a dosagem certa. O vício não tem volta. Abraço e bom fim de semana.
Hoje me lembrei de Drummond, ao me dirigir para o trabalho.
Geralmente caminho rápido, quase sempre em cima da hora e, naquele período da manhã onde somos mais movidos pelo instinto do que pela razão, a percepção do mundo à minha volta é extremamente prejudicada. Pareço ainda dormir.
Mas hoje não. O dia estava tão belo. Prenúncio de inverno, clima agradável, brisa leve... e, de repente, me deparei com ela, a me olhar tímida, mas relutante a não baixar os olhos (ou as pétalas). Uma flor. Com sua cor peculiar, uma mistura de vermelho, rosa e roxo. Tímida. Apenas uma flor. Que nascia do asfalto. Rodeada por concreto. Singela, tímida, vulnerável... mas capaz de vencer o concreto ou, parafraseando Drummond, "o tédio, o nojo, o ódio...".
Uma flor em meio ao asfalto, na rua. Talvez neste momento ela já tenha sido massacrada, destruída por pés não atentos; mas insistiu em viver, em fazer valer a pena. O frescor que emanava de si pela manhã é prova disso. Ali, em meio ao concreto, me ensinou a viver.
Despeço-me, mas deixo-vos na companhia de Drummond:
"Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
garanto que uma flor nasceu.
É feia. Mas é flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio".
Queremos iniciar o dia com um post de agradecimento por todos os que tem nos acompanhado fielmente e dado um voto de credibilidade ao nosso trabalho. Destacamos, de forma especial, as visitas que temos recebido dos Estados Unidos, Canadá, Hungria, Indonésia e Cingapura. É o Café & Arte alçando voo e chegando aos que estão do outro lado do mundo. Nosso abraço especial. E continuem conosco. Visitem, comentem, sugestione, sigam-nos. O espaço é nosso.
Ontem à tarde recebi a visita de algumas lembranças de uma infância que já parece estar velha, adormecida em algum lugar em mim. Nos sentamos na varanda e, entre uma xícara de café e uma torrada, falamos de antigos conhecidos, dos que um dia conhecemos e aprendemos a amar.
Falamos da velha senhora com hanseníase, que vivia em uma casinha, na esquina, próxima da escola onde estudamos. Nunca soubemos seu nome. Nunca a víamos, mas sabíamos muitas de suas histórias. Um dia a visitamos. Nós e a professora. A pequena casa se encheu de rostos curiosos... trinta ou mais. Ficamos a uma certa distância, evitando a aglomeração maior e, no fundo, evitando a presença da senhora, embora tivéssemos levado junto conosco a nossa companheira de aventuras, a compaixão.
Anos mais tarde, soubemos que veio a falecer. E nunca conhecemos seu rosto. Sua casinha foi demolida, mas suas histórias viraram lendas e continuam vivas.
A primeira infância não. Deixou de existir em muitas de suas variações e facetas. As mais belas se foram. Ou ficaram trancadas em algum porão escuro. Vez ou outra, como fantasmas, insistem em voltar à luz do sol. Então tomamos um café com torradas na varanda. E falamos do que fomos.
Esta semana apresentamos duas indicações: o filme O discurso do Rei e a Coleção A Torre Negra.
O DISCURSO DO REI
Falar de um filme, ganhador de óscar, tem suas vantagens e desvantagens. Vantagens porque há um grande foco em cima de tal obra. Desvantagem porque, uma vez que minha opinião seja contrária, Não terei muito crédito no que falo. Mas esse não é o caso de O discurso do Rei, belíssimo filme, merecedor do óscar 2011.
Nele, a história do Rei George VI, vivido por Colin Firth, é apresentada com maestria. Diante de sua dificuldade, quase impossibilidade de falar em público, o mesmo procura ajuda especializada. Um após outro, os especialistas nunca conseguem avanço significativo junto ao rei, talvez pelo fato de sempre tratarem-no como rei e não como ser humano. É Lionel Logue, magistralmente interpretado por Geoffrey Rush, quem obterá os melhores resultados com sua metodologia peculiar. Um filme sensível, inspirador, arrebatador, comovente. Imperdível.
A TORRE NEGRA
A maior obra de Stephen King, o gênio do suspense e do terror. E, sem dúvida, a obra que mais consumiu seu tempo. King começou a escrevê-la quando ainda era estudante universitário, em 1970. Inicialmente o primeiro volume foi publicado em capítulos, em uma revista de ficção científica, nos Estados Unidos. Somente em 1982 foi publicado como livro. O último volume da coleção, foi publicado em 2004 nos Estados Unidos e em 2007 no Brasil.
A história é inspirada no mundo imaginário de J.R.R. Tolkin (O Senhor dos Anéis) e em um poema épico do século XIX, de Robert Browning. Centra-se na luta do último pistoleiro, Roland de Gilead, em um agora que não se pode determinar em que época se esteja (passado, presente ou futuro?). Há uma infinidade de referências à cultura pop, ao faroeste, às lendas arturianas. Em um emaranhado de ficção científica, terror e fantasia, King elabora uma história em mais de 2500 páginas, verdadeiro mosaico da cultura pop contemporânea.
No Brasil a obra é comercializada pela editora Objetiva e é composta dos seguintes títulos:
Vol I - O pistoleiro
Vol II - A escolha dos três
Vol III - As terras devastadas
Vol IV - Mago e vidro
Vol V - Lobos de Calla
Vol VI - Canção de Susannah
Vol VII - A torre negra
No final do ano passado foi anunciada a adaptação da obra para o cinema em uma trilogia e em uma série para a TV. Os fãs aguardam. A coleção foi adaptada para o mundo dos HQs. Confira abaixo, vídeo que conta a história dessa saga, adaptada aos quadrinhos:
Para os amantes de King e seu gênero, impensável não ler a coleção.
A música comédia é uma forma artística? Divergências à parte, apresentamos o vídeo Eu não tenho Iphone, dos Seminovos. Os Seminovos é uma banda quase que virtual. Suas músicas são distribuídas gratuitamente via internet; por vezes veiculam suas músicas com charges, ganhando notoriedade e publicidade com isso. Já recebeu alguns prêmios como o Troféu Bigorna (2009), MTV VMB (2009), Garagem do Faustão, entre outros. Criatividade em alta, performances típicas da geração cibernética e alguns minutinhos onde é impossível não se deliciar com a leve, fútil e despretensiosa amostra de uma chamada arte pós moderna (???).
Falar sobre a própria obra não é algo tão interessante né? Mas tudo bem...
Fragmentos foi lançado em 2008, com uma nova tiragem em 2009. Aborda a questão das descobertas cotidianas e de como estas descobertas são essenciais na vida da pessoa enquanto ser humano. Os textos vão sempre nesta perspectiva: a descoberta - de si, do outro, de Deus, da própria vida.
Uma destas crônicas está sendo sondada para a adaptação cinematográfica (curta metragem). Maiores informações e detalhes sobre a obra, acessar: www.insanidadeofilme.blogspot.com
Você pode estar adquirindo o livro pelo email: jean.csdb@hotmail.com no valor de R$ 17,00 (envio via correios, frete grátis para todo o Brasil. Exterior: frete a combinar).
Esta semana indicamos o belíssimo Cisne Negro, verdadeira obra de arte cinematográfica. O filme recebeu cinco indicações ai oscar (melhor filme, melhor direção, melhor atriz, melhor fotografia, melhor edição), vencendo na categoria melhor atriz.
A abordagem é fenomenal. O envolvimento psicológico que a narrativa consegue é proporcional à profundidade da temática abordada.
A única preocupação do filme é ser ele mesmo. Ignora o público, não se preocupando se vai ou não agradar, por isso agrada de maneira fantástica. Está ali na tela, despido de interesses comerciais, merchandising barato. O peso que traz é carregado pelo telespectador mesmo (e principalmente) após a sessão. Impossível esquecer e/ou ignorar o filme após seu término. É aquela espécie de história que leva à reflexão, ainda que involuntariamente.
Dor, limites, superação, sonho, inocência, sensualidade... são ingredientes que constroem Cisne Negro. Na montagem do Lago dos Cisnes, o diretor decide que uma mesma atriz interpretará as duas personagens: o cisne branco e o negro. Uma nova atriz será apresentada ao público. E este com seu lado mais sombrio.
Cora Coralina, goiana, poetisa nata. Publicou seu primeiro livro aos 76 anos de idade.
Doceira por profissão, viveu longe dos grandes centros. Sua simplicidade é perceptível em sua obra, marcada pelos motivos do cotidiano do interior do país, de forma singular, pelos becos e ruas de goiás.
"Senhora de poderosas palavras, Cora escrevia com simplicidade e seu desconhecimento acerca das regras da gramática contribuiu para que sua produção artística priorizasse a mensagem ao invés da forma. Preocupada em entender o mundo no qual estava inserida, e ainda compreender o real papel que deveria representar, Cora parte em busca de respostas no seu cotidiano, vivendo cada minuto na complexa atmosfera da Cidade de Goiás, que permitiu a ela a descoberta de como a simplicidade pode ser o melhor caminho para atingir a mais alta riqueza de espírito" (cf. Wikipedia).
Nunca pensou que o desejo de uma criança pudesse lhe incomodar e questionar tanto. Seria de fato incômodo ou algo que não conseguia dar um nome, o que lhe tomava por completo?
Viu-se sentado no pequeno banquinho de madeira, a irmã no colo, a mãozinha estendida, querendo tocar sua face e os olhos exigindo uma resposta. Os olhos. Os olhos eram o que mais lhe incomodava. Pareciam ver sua alma e tentavam extrair dela uma satisfação para a necessidade.
A impotência avassaladora ganhando espaço dentro de si, saltando do âmbito de seu controle. Mãos atadas diante de quase nada. Mordaças ferozes.
Tentou balbuciar uma desculpa plausível para a irmãzinha, uma satisfação para a negação do que ela queria, mas não haviam palavras que se coordenassem em frases, orações, períodos... havia apenas o fato e a impossibilidade. Esta, imensa diante de quase nada. Pareceu-lhe que o desejo da irmã - tão pequeno - configurava-se em seu sopro vital naquele instante. E ele não era capaz de satisfazê-lo. Era obrigado a negar-lhe o sentido pleno para aquele momento. Por tão pouco. Que não tinha!
Recorrer a quem? Amigos? Desconhecia o que fossem. Parentes? Tinham apenas um ao outro. Vizinhos? Grades altas demais os isolavam completamente. Grades bem mais fortes e maiores haviam sido construídas dentro dos vizinhos. Talvez a única solução fosse ir às ruas, como já fizera tantas vezes, deixar o pequeno resto de dignidade que ainda lhe cabia, e se humilhar, estendendo as mãos e pedindo uma moeda, enfrentando a frieza e a indiferença da grande maioria dos olhares.
Lançou o olhar para o teto sujo e úmido, na vã tentativa de evitar que o nó na garganta subisse, ganhasse espaço e explodisse em lágrimas. Apertou o frágil corpo da irmã contra si. Dela emanava tênue calor. Beijou-lhe os cabelos despenteados e apertou-lhe as mãos. O coração se apertou junto. O nó na garganta, ainda maior.
Os olhos úmidos da irmã continuavam exigindo uma resposta afirmativa. No fundo, ele sabia, ela já não acreditava que ele fosse capaz de lhe oferecer o que necessitava. Ainda que fosse um tênis caro, uma roupa luxuosa, um brinquedo inatingível... ainda que fosse uma refeição no melhor restaurante da cidade, o ingresso para o maior e mais atrativo parque de diversões.... mas não. Tudo o que ela desejava era ter o chiclete do comercial de tv. E ele não podia comprá-lo!
Lá fora houve chuva ininterrupta por três dias inteiros. Por vezes suave, por vezes brusca. Mas ininterrupta. O mundo molhado da cabeça aos pés. Os pés molhados ao se chegar da rua.
Aqui dentro, um universo em (re)construção. Elementos adicionados. Elementos ignorados. Vida, braços, abraços. Carinho, afeto, água da chuva. Calor, frio, poesia, música. Chocolate quente, vinho, cobertor. Filme, risos, sonhos.
Aqui dentro (mais para dentro ainda), sentimentos, alegria infantil, questionamentos, passos dados/não dados, pensados/não pensados. Ali fora, chuva. Sol atrás das nuvens, bem atrás. Borboletas assustadas, sonhando com as flores molhadas. Ausentes. Aqui dentro, menino acolhido, acolhedor. Lá fora, poesia concreta. Úmida. Em construção. Aqui dentro, eu, aquecido. Lá fora, mundo. Molhado.
Queremos iniciar o dia agradecendo a todos os que tem nos visitado, acompanhado nosso singelo trabalho (para não dizer grandes divagações). Além das visitas de todas as partes do Brasil, agradecemos de forma especial nossos visitantes dos Estados Unidos e Canadá. Grande abraço.
A cada semana Café & Arte estará fazendo algumas indicações que, acreditamos valer a pena conferir. São livros, cds, dvds, filmes (lançamentos ou não), peças de teatro, entre outras manifestações artísticas.
Nesta semana destacamos o polêmico Bruna Surfistinha que, vale a pena ser visto entre outras coisas, pela magistral interpretação de Débora Secco. A atriz vivencia a personagem em sua intensidade e deixa transparecer na tela os sentimentos, emoções e frustrações da mesma. Apesar de algumas cenas fortes, com conteúdo sexual, em nenhum momento o filme se torna vulgar, pornográfico. É a vida de uma prostituta narrada de forma bem construída.
Conteúdos que dizem respeito a todos saltam da tela e nos questionam, como: respeito, amor, família, companheirismo, amizade, ganância...
Alguns anos atrás, com certeza, um filme como Bruna Surfistinha seria cotado como mais uma obra pornográfica ou quase. O avanço cinematográfico nacional é visível e merece ser prestigiado em nossas salas de cinema, espalhadas em todo o país.
Pela manhã, borboleta em minha janela fez-me o convite:
- Vamos brincar de ser feliz?
E sorriu seu riso colorido, me acenando com suas asas translúcidas.
O sol me aguardava do lado de fora da minha janela, com um dia inteiro embrulhado para presente.