sábado, 12 de maio de 2012

Nova música de Gabriel o Pensador


Gabriel o Pensador lança música e videoclipe inspirados na Feira do Livro de Bento Gonçalves e nas suas experiências como escritor desde garoto.
O mote da letra poderia ser resumido na frase "eu gosto de escrever", característica inata do rapper e autor de três livros (um deles premiado com o Prêmio Jabuti). Ironicamente, o Pensador "confessa" esse seu vício como um "problema" descoberto ainda na infância e que ele não teria conseguido controlar, nem mesmo apelando para o surf e o futebol, que "não eram o seu forte". "então eu descobri que já nasci com esse problema / eu gosto de escrever, eu gosto de escrever, crer ver / ver, crer, eu gosto de escrever e escrevo até até poema"
No refrão, com um certo tom de desabafo, nota-se uma referência à polêmica em que se viu envolvido mês de abril, quando alguns escritores questionaram o investimento da Prefeitura de Bento Gonçalves na compra de dois mil exmplares de seus livros, além um show com todas as despesas incluídas, que seria realizado no encerramento da feira, no final de maio.
Gabriel foi a público, mostrou em seu site a planilha de custos detalhada do contrato, declarou que estava "de saco cheio" e desistiu de fazer o show e abriu mão da venda de seus livros, decidindo ir à Feira fazer palestras como Patrono gratuitamente, porém deixou bem claro que discorda da opinião de que Feira do Livro não é lugar de show musical:
"Meu Pai, eu confesso, eu faço prosa e verso / na feira eu vendo livro, no show eu vendo ingresso / na loja eu vendo disco, já vendi mais de um milhão / se isso for um crime, quero ir logo pra prisão"
A música foi feita no Rio, em parceria com o compositor e produtor gaúcho André Gomes (letra integral de Gabriel o Pensador), com a participação do músico Antônio Villeroy, mais um gaúcho residente na cidade maravilhosa, destino que teve, aliás, o pai de Gabriel, citado na letra como "um homem sério, um gaúcho de POA" e representado no videoclipe por um boneco do gaúcho laçador.
O resultado é uma mistura de hip hop com gaita e violão gaúchos, com uma bela harmonia sobre batida eletrônica que funcionam como uma estrada por onde o rapper passeia relembrando cenas de sua trajetória profissional e pessoal.
A direção do clipe ficou por conta de Thiago Ferreira e Tchello DRC, baixista do Detonautas, e a edição a cargo de Thiago Ferreira, que também é músico, com a colaboração do próprio Gabriel, que cedeu imagens de arquivo e se disse emocionado com o resultado:
- No fim das contas, acho que por um lado eu até lucrei com essa história, pelo prazer de compor uma canção de amor à literatura, incluindo aí como "literatura" a minha paixão pelas letras de música e tudo que eu faço, que vem da palavra. Aprendi um pouco também. De repente eu me vi explicando valor de cachê e preço de livro, uma situação inédita pra mim até então. Fiquei aborrecido e poderia falar de intriga, de inveja, de política, de desinformação... mas acabei falando de coisas muito melhores na letra. De coisas lindas, que eu vejo com muita frequência, rodando pelas feiras literárias e por shows há muitos anos. Gratidão, amor, determinação, inspiração, troca, liberdade, pureza... são coisas que eu vejo quase sempre, que me acompanham, que são o meu maior pagamento desde que comecei a cantar e a escrever e sempre serão, e essa música, com a ajuda das imagens, talvez consiga passar um pouco desse meu mundo pra quem não conhece direito. De qualquer forma, me fez olhar pra isso tudo com um carinho ainda maior, como a gente sente quando mexe num baú de recordações, que foi exatamente como nasceu também meu primeiro livro.

Abaixo, confira o video clip


Vontades


Vontade imensa de ficar parado e não ver a dor chegar... ou de vê-la partir sem ao menos se dar conta de que um dia chegou... vontade louca de ganhar apenas mais uma dose injetável do que chamam vida em sua beleza crua. 

Vontade de fechar os olhos. E ficar assim. Deixar que o sol, no momento oportuno viesse abri-los. Vontade de infância, de água da fonte, de sol se pondo atras do monte verde, lembrança que ficou. Vontade de mãos dadas e sorriso aberto. Vontade de presença.

sábado, 5 de maio de 2012

Andanças



Estive por aí...

Andei por velhos caminhos, pouco usados em minha trajetória, onde encontrei tantos que não fizeram nenhuma questão de me deixar marcas. Sempre estavam ocupados demais consigo mesmos. Por algum tempo quis retornar, mas não sabia como. Perdi o velho fio da meada. Me esqueci de deixar pedacinhos de pão pela estrada.

Depois de algum tempo, além do horizonte que não me permitia ver muita coisa exceto a correria, o gastar tempo com as coisas fúteis que não me completam, como estar extremamente ocupado com o trabalho, com os compromissos de gente grande, encontrei um vislumbre antigo. Uma matiz que mexeu com algo aqui dentro.

Talvez fosse apenas uma cor em meio ao cinza do dia a dia. Talvez uma pétala que se perdeu de sua flor e se deixou levar pelo vento além de seus limites. O fato é que estive por aí e não vi nada que tenha me aconchegado, me feito gente, me acalmado... nada que tenha me feito sentir não máquina. É... talvez eu tenha me en-maquenecido (sei que o neologismo é péssimo, mas não me ocorre nada melhor). Talvez meus neurônios poéticos estejam gastos e a vida tenha entrado nas engrenagens do mundo comum de quem nada vê além dos compromissos.

Voltei? Não sei... não sei dizer se é volta ou apenas uma fresta que se abre em meio à caminhada rumo a não sei onde. Não sei sequer se houve partida um dia. Ou se haverá retorno. Sei apenas que tenho saudades. E esta não se traduz.