O cinema nacional tem percorrido um notório caminho de ascenção, diríamos, desde Central do Brasil. Relegado a segundo plano por muitos anos tem-se mostrado a que veio nos últimos anos. Só para citar alguns nomes: Olga, Central do Brasil, O auto da Compadecida, Os normais, Como esquecer, Tropa de Elite, As melhores coisas do mundo, De pernas pro ar, O cheiro do ralo,... títulos que exemplificam em pequena medida, a grandiosidade do que hoje temos como cinema nacional, do drama à comédia, do campeão de bilheteria ao que atingiu pequeno público (mas nem por isso de menor qualidade).
E é neste cenário que a co-produção entre Brasil e Espanha chega ao grande público. Onde está a felicidade? parte do filão " busca por felicidade" e do desejo de encontrá-la em algum lugar específico, em território marcado. E surpreende. Pelo roteiro simples, desprovido de grandes diálogos, mas direto. Pela interpretação. Pela fotografia. Pela leveza. Pela abordagem simples e, ao mesmo tempo, complexa da psicologia brasileira e espanhola. O texto consegue extrair a essência de uma e outra nacionalidade, em linhas gerais, sem cair no estereótipo ou clichê.
O filme aborda fé em uma sociedade pós moderna, com todas as características que lhe é própria. Fala de amor onde o consumo dita as regras. Aponta para honestidade como caminho que de fato vale a pena. faz rir sem apelação. Faz bem para a alma.
Salas quase vazias, é bem verdade. Poucas salas de exibição. Poucos cinemas a exibirem o filme. É o público brasileiro aprendendo aos poucos a ter gosto pelo que é nosso. É a arte nacional buscando espaço em um mar capitalista movido pelo que poderíamos aqui chamar de ardinheiro: a arte que, se não produz dinheiro, deixa de ser.
Se vale a pena conferir? Programa imperdível aos amantes do bom cinema nacional.